Divulgação Científica
1. Educação sobre dor pélvica alivia sintomas e reduz intervenções cirúrgicas
Estudo
realizado na Austrália com 20 mulheres
aponta que a educação sobre a ciência da dor
alivia significativamente os sintomas de dor
pélvica persistente (DPP). As participantes,
recrutadas em redes sociais e clínicas de
fisioterapia, relataram que aprender sobre o
papel do sistema nervoso e a natureza
multifatorial da dor as ajudou a gerenciar
melhor seus sintomas e ofereceu esperança e
empoderamento.
Inicialmente,
a pesquisa de caráter qualitativo, utilizou
de entrevistas semiestruturadas para
investigar as experiências de mulheres com
dor pélvica persistente que receberam uma
abordagem educativa. A DPP, frequentemente
associada a queixas ginecológicas, urinárias
e do assoalho pélvico, muitas vezes resulta
em insatisfação e diagnóstico impreciso. A
assistência educacional explicou às
participantes que os sintomas dolorosos
estavam diretamente associados também com o
sofrimento psicológico. Além disso, a
neuroplasticidade — a capacidade do sistema
nervoso de se adaptar e mudar — foi
apresentada como um mecanismo que poderia
reverter a hipersensibilidade à dor. Essas
orientações, associadas à fisioterapia,
proporcionaram melhora tanto na dor quanto
no bem-estar geral.
Dessa maneira,
percebe-se o impacto que a educação sobre a
neurociência da dor, aliada a estratégias
eficazes de manejo, pode transformar a
percepção e o cotidiano destas mulheres. A
intervenção de ensino proporciona
empoderamento, consciência e maior controle
sobre a dor, com impacto positivo na
qualidade de vida. Ademais, os pesquisadores
apontam que mais adaptações são necessárias
para personalizar essa abordagem e que
outras pesquisas clínicas são necessárias
para validar esses achados em larga escala.
Referências:
Mardon AK, Chalmers KJ, Heathcote LC, et al.
"I wish I knew then what I know now" - pain
science education concepts important for
female persistent pelvic pain: a reflexive
thematic analysis. Pain.
2024;165(9):1990-2001. doi:10.1097/j.pain.0000000000003205
Escrito por
Ana Clara Gonçalves Madeiro.
2. Dor neuropática em fibras finas relacionada com a COVID
A ocorrência de neuropatia em fibras finas
está frequentemente relacionada a pacientes
que tiveram a síndrome da COVID longa. No
final do ano de 2022 alguns pesquisadores de
certas universidades em Roma fizeram um
estudo de caso-controle com 26 pacientes,
sendo 15 mulheres e 11 homens, que tiveram a
síndrome dolorosa da COVID longa, esta
síndrome é caracterizada por uma série de
sintomas como fadiga, confusão mental,
ansiedade, sintomas sensoriais e dor. O
estudo teve como objetivo principal detectar
neuropatia em pequenas fibras em pacientes
com sintomas sensoriais e dor. Dos 26
pacientes que tinham síndrome dolorosa de
COVID longa, 12 deles foram diagnosticados
com neuropatia das fibras pequenas e os
outros e os outros 14 apresentaram dor
generalizada acompanhada de outros sintomas
que diagnosticam fibromialgia.
Neste estudo de caso-controle foram usados
dois grupos controle, sendo um deles com 33
integrantes, estes possuíram a síndrome de
COVID longa, porém sem dor e o outro grupo
possuía 30 integrantes e eram pessoas
assintomáticas pós-covid.
A ocorrência de neuropatia em fibras finas
está sendo muito relatada por pacientes com
a síndrome da COVID longa. Alguns estudos
pré-clínicos mostraram que o receptor ACE2,
um alvo conhecido do vírus SARS-CoV-2, é
expresso em pequenos neurônios sensoriais
nos gânglios da raiz dorsal, a hipótese é de
que o vírus pode afetar diretamente esses
neurônios ou desencadear uma resposta
inflamatória autoimune. Este artigo enfatiza
a importância de rastrear a população com
essa síndrome, independentemente da
gravidade da COVID-19 para melhores estudos
e conclusões.
Referências: Falco P, Litewczuk D, Di
Stefano G, et al. Small fibre neuropathy
frequently underlies the painful long-COVID
syndrome. Pain. 2024;165(9):2002-2010. doi:10.1097/j.pain.0000000000003259 Escrito por Luana Júlia Faria Gonçalves.
3. A combinação de anestesias é benéfica para pacientes submetidos a bariátrica
Um estudo de
revisão integrativa da literatura publicado
em 2024 revelou que combinações de
anestesias promovem melhor conforto e reduz
riscos para o paciente no intra e no
pós-operatório de cirurgias bariátricas. A
pesquisa foi através de publicações nos
últimos 6 anos que traziam como palavras
chaves cirurgia bariátrica, anestesia e
gestão da dor. O objetivo foi identificar as
melhores estratégias para o controle da dor
para promover recuperação mais rápida no
pós-operatório.
Foi
evidenciado neste estudo que a combinação
entre anestesia geral com anti-inflamatórios
não esteroides (AINEs), bloqueios epidurais
ou espinhais, ou até mesmo infiltração de
anestésicos locais traz mais conforto e
alívio da dor no paciente. Além da melhora
do quadro de dor, promove menor risco de
complicações cardiovasculares e
respiratórias, além reduzir a necessidade de
opioides e assim, minimizar as consequências
associadas ao uso. Através do melhor
controle da dor, há melhora na recuperação
pós-anestésica, pós-cirurgia e melhor
mobilidade, vista como benéfica quando
precoce para diminuir o risco importante de
trombose venosa profunda nesses pacientes.
A cirurgia
bariátrica tem várias técnicas e trata-se de
um procedimento complexo que trará grandes
mudanças na vida desse indivíduo, portanto,
o bom controle da dor e promoção do
bem-estar do paciente é importante para
minimizar as queixas nesse processo. Para
isso, é importante que a equipe conheça as
particularidades de cada paciente para se
preparar e evitar possíveis complicações,
além de promover uma avaliação atenciosa na
recuperação pós-operatória.
Referência:
Godinho et. Al. Brazilian Journal of
Implantology and Health Sciences. Volume 6,
Issue (2024), Page1910-1926. Anestesia e
Manejo da Dor em Cirurgias Bariátricas. DOI:
https://doi.org/10.36557/2674-8169.2024v6n7p1910-1926
Escrito por Aline Frota Brito.
4. Dor pélvica crônica
Um estudo de
coorte longitudinal revelou associações
entre subgrupos de mulheres com sintomas de
dor pélvica crônica e 18 comorbidades
ligadas à inflamação e dor crônica. O estudo
oferece uma nova perspectiva sobre a dor
pélvica crônica ao identificar subgrupos
específicos de mulheres e suas comorbidades,
ampliando a compreensão das complexas
interações entre dor e inflamação.
A pesquisa
incluiu 1.255 participantes, adolescentes e
adultos, com sintomatologia de dor
profundamente fenotipada, utilizando dados
do estudo de coorte prospectivo “The Women's
Health Study: From Adolescence to Adulthood”,
que inscreveu mulheres de 7 a 55 anos entre
novembro de 2012 e junho de 2018. Usando-se
de seis variáveis relacionadas à dor
pélvica, abrangendo gravidade, frequência e
impacto na vida diária, para identificar
subgrupos latentes, considerando tanto a dor
acíclica quanto a cíclica. Tendo que, as
comorbidades mais prevalentes entre as
participantes foram dor lombar, enxaqueca e
dor abdominal não pélvica, com a
endometriose associada a 17 das 18
comorbidades avaliadas.
Em síntese, o
estudo revela subgrupos de mulheres com dor
pélvica crônica e suas 18 comorbidades
ligadas à inflamação, ampliando a
compreensão dessas interações. O mesmo, no
entanto, enfrenta limitações, como o viés de
recordação e a seleção da amostra
hospitalar, que pode não refletir a
realidade de todas as mulheres. Sendo
necessário a realização de pesquisas
futuras, buscando um entendimento mais amplo
e inclusivo dessa condição.
Referências:
Ghiasi M, Chang C, Shafrir AL, et al.
Subgroups of pelvic pain are differentially
associated with endometriosis and
inflammatory comorbidities: a latent class
analysis. Pain. 2024;165(9):2119-2129. doi:10.1097/j.pain.0000000000003218
Escrito por Isabela Ribeiro de Azevedo.
5. Mulheres realizam mais expressões faciais de dor que homens
Estudo realizado na Alemanha apontou que mulheres demonstram respostas faciais elevadas à dor e menor limiar de dor, quando comparadas aos homens. Com o objetivo de identificar as diferenças relacionadas a sexo em expressão facial de dor, analisaram estímulos térmicos provocados e codificações de vídeos gravados de participantes realizando expressões dolorosas. Os dados foram obtidos em banco de dados com resultados de 7 estudos prévios. Além disso, para estabelecer classificações para dor, foram utilizadas escalas.
O estudo composto por uma amostra de 392 participantes, 192 homens e 200 mulheres, utilizou um banco de dados de registros manuais de respostas faciais, codificadas por meio do Sistema de Codificação de Ações Faciais (FACS). As codificações foram obtidas através da interpretação de expressões faciais gravadas em vídeo, com dados de estudos anteriores. Ademais, para classificar a dor, utilizaram a escala visual eletrônica (VAS), e a escala Likert, que possuía como extremos as pontuações “sem dor” e “dor extremamente forte”. O estímulo térmico havia sido feito por meio do uso de um estimulador térmico computadorizado com uma sonda de contato, que foi fixada no participante, assim, foram realizados 10 ou 8 estímulos dolorosos com intervalo de 15 a 20 segundos.
Por fim, o estudo identificou que mulheres realizam mais expressões faciais relacionadas à dor do que homens, pesquisadores sugerem que tal achado seja significativo apontando que mulheres podem ser melhores no uso da comunicação facial da dor. Solicitamos não modificar este formulário.
Referências: Schneider P, Lautenbacher S, Kunz M. Sex differences in facial expressions of pain: results from a combined sample. Pain. 2024;165(8):1784-1792. doi:10.1097/j.pain.0000000000003180
Escrito por Ana Carolina Teles Marçal.
6. Locais da dor lombar Uma pesquisa
realizada com dados do Spine Centre of
Southern Denmark confirmou que padrões
extensos de dor se associam a maiores
limitações de atividade e sofrimento
psicológico. O estudo focou na análise de
padrões de dor e na associação com
limitações de atividade, intensidade da dor
e fatores psicológicos, aplicando uma
metodologia de análise de classes latentes.
A pesquisa identificou padrões específicos
em desenhos digitais de dor de pacientes com
queixas na coluna. No entanto, as limitações
incluíram mudanças no questionário ao longo
do tempo e a falta de análises longitudinais
que validem o uso de desenhos de dor como
preditores clínicos.
A coleta de
dados foi realizada na plataforma SpineData,
que integra questionários digitais e
desenhos de dor. Pacientes registraram a
distribuição de sua dor usando contornos de
silhueta corporal, com dados clínicos sendo
coletados anualmente. Dos 21.123
participantes, 15.465 foram classificados
com dor lombar (LBP) e 5.658 com dor
lombar/pescoço (MBPNP). O subgrupo LBP foi
dividido em cinco padrões: dor irradiada,
LBP local, dor em toda a perna, dor
generalizada e LBP com dor irradiada. Já o
grupo MBPNP foi segmentado em quatro
categorias: MBPNP bilateral posterior, MBPNP
unilateral posterior + anterior, MBPNP
unilateral posterior e dor generalizada.
Referências:
Chang, N. H. S., Nim, C., Harsted, S.,
Young, J. J., & O'Neill, S. (2024).
Data-driven identification of distinct pain
drawing patterns and their association with
clinical and psychological factors: a study
of 21,123 patients with spinal pain. Pain,
165(10), 2291–2304. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000003261
Escrito por Isabela Ribeiro de Azevedo.
7. Existe correlação entre cefaleia, distúrbios temporomandibulares e bruxismo?
Pesquisadores encontram dificuldade em correlacionar a causalidade entre dor de distúrbios temporomandibulares (DTMs) e enxaqueca, assim como entre bruxismo e cefaleia do tipo tensional. O Departamento de Neurociência de Sistemas da Universidade de Hamburgo, Alemanha juntamente com a Faculdade de Odontologia de Malmo, Suécia desenvolveram uma revisão narrativa com o objetivo de fornecer uma visão geral do estado atual dos estudos sobre a ocorrência simultânea de bruxismo, DTMs e cefaleia, visto que existem controvérsias em torno dessa temática; principalmente, no que concerne às definições e padrões diagnósticos dessas patologias. No entanto, o número limitado de estudos experimentais e clínicos sobre essa temática é um grande desafio para determinar a correlação e causalidades entre tais tipos de distúrbios.
Essa revisão narrativa foi feita a partir de uma recuperação independente de literatura atualizada até setembro de 2023; e a busca por repositórios de referência se deu por meio do PubMed, Web of Science e a Biblioteca Cochrane. Sendo assim, essa pesquisa traz, primeiramente, os conceitos de cada patologia mencionada no artigo, ou seja, apresenta os conceitos de DTMs, de bruxismo e de cefaleia. Além disso, junto com essa definição, é evidenciado também a prevalência dessas doenças e as possíveis causas para esses tipos de dores, bem como os tratamentos mais atuais para o manejo delas. Ademais, a metodologia proposta para essa pesquisa também mostrou que os estudos trazem sobre a relação entre essas três condições (bruxismo e DTM, bruxismo e cefaleia, cefaleia e DTM) e as outras classificações que existem ainda dentro de cada um desses distúrbios. Porém, as evidências sobre essas correlações ainda são conflitantes.
Portanto, para que seja possível de fato evidenciar se há mesmo uma relação causal entre cefaleia, DTM e bruxismo, já que os estudos clínicos e experimentais são limitados; é necessário que pesquisas futuras sejam feitas para estabelecer maior consistência e aplicabilidade no diagnóstico e tratamento desses distúrbios.
Referência: Voß, L. C., Basedau, H., Svensson, P., & May, A. (2024). Bruxism, temporomandibular disorders, and headache: a narrative review of correlations and causalities. Pain, 165(11), 2409–2418. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000003277
Escrito por Gabriela Oliveira Gonçalves.
8. Como a dor afeta a cognição?
Experiências
dolorosas possuem a capacidade de impactar
negativamente processos neurocognitivos.
Nesse cenário, a principal intenção do
estudo foi investigar quais são os possíveis
efeitos de eventos dolorosos na memória e
atenção. Pesquisadores alemães realizaram
uma reanálise combinada de 8 estudos
publicados no período de 2013 a 2022,
incluindo 247 conjuntos de dados. Os estudos
feitos no Hospital Universitário de Essen e
no Centro Médico Universitário de
Hamburgo-Eppendorf, Alemanha contaram com
247 participantes saudáveis, compreendendo
procedimentos experimentais. Observou-se um
comprometimento significativo do
reconhecimento induzido pela dor,
especialmente baseado na familiaridade.
Entretanto, o medo do estímulo doloroso, a
catastrofização e expectativas não
influenciaram no funcionamento da cognição.
Entretanto, em usuários com dor crônica há a
possibilidade de maiores alterações
cognitivas, o que deve ser melhor
investigado. Uma limitação forte do estudo
foi a heterogeneidade dos estudos abordados,
pois é algo que pode favorecer a
generalização dos efeitos.
A reanálise
praticou os experimentos em um dia.
Avaliaram-se traços psicológicos, medo e
limiares relacionados à dor. Em seguida, os
participantes executaram testes de memória a
partir de uma categorização visual com
reconhecimento surpresa. Eles foram
avaliados quanto ao medo da dor e utilizaram
a Escala Visual Analógica (EVA) para referir
de que forma a dor impactaria uma tarefa. A
categorização visual se deu pela
apresentação mista aleatória de objetos
vivos ou não vivos para conduzir os
resultados sobre estímulos dolorosos e não
dolorosos.
Referências:
Kaur J, Bingel U, Kincses B, Forkmann K,
Schmidt K. The effects of experimental pain
on episodic memory and its top-down
modulation: a preregistered pooled analysis.
Pain Rep. 2024;9(5):e1178. Published 2024
Aug 7. doi:10.1097/PR9.0000000000001178
Escrito por Giovanna Aparecida Carvalho
de Jesus.
9. Uso indevido de gabapentinoides eleva risco de overdose e traumas
Um estudo de
coorte conduzido no Reino Unido constatou
que pacientes em uso de medicamentos
anticonvulsivantes, como gabapentina e
pregabalina, apresentam maior risco de
eventos adversos graves. A pesquisa analisou
o banco de dados de 481.046 pacientes
expostos à gabapentina e 226.685 expostos à
pregabalina, entre 1997 e 2018, os quais
foram comparados a grupos não expostos. Os
achados revelaram que a pregabalina aumentou
as taxas de overdose, enquanto ambos os
medicamentos elevaram o risco de eventos
adversos, especialmente em pacientes com
histórico de tabagismo, transtornos mentais,
abuso de drogas, e uso concomitante de
opioides e benzodiazepínicos.
Essa análise
observacional utilizou o banco de dados
Clinical Practice Research DataLink,
abrangendo registros de cuidados de saúde.
Dessa forma, os pacientes expostos a
gabapentinoides foram comparados com um
grupo controle não exposto, utilizando
modelos de riscos proporcionais de Cox para
ajustar variáveis como idade, gênero,
histórico de saúde mental e uso concomitante
de medicamentos. Identificou-se que os
riscos de overdose e uso indevido de
substâncias eram significativamente mais
elevados entre usuários de pregabalina. Além
disso, o uso de gabapentinas foi associado a
um risco aumentado de traumas, como fraturas
e traumatismo craniano, especialmente em
combinação com outros depressores do sistema
nervoso central.
A partir
disso, a pesquisa reforça a relevante
associação entre o uso de gabapentinoides e
o aumento de eventos adversos graves. Esses
resultados destacam a importância de uma
prescrição criteriosa de anticonvulsivantes
e a necessidade de orientação aos pacientes
sobre possíveis perigos desconhecidos. Além
de um acompanhamento medicamentoso assíduo.
Entretanto, o estudo afirma que uma das
limitações é a dificuldade de delineamento
da indicação dos medicamentos, podendo ser
tanto para ansiedade como para dor crônica.
Por fim, reforça a necessidade de mais
pesquisas para esclarecer esses riscos e
desenvolver práticas de prescrição seguras.
Referências:
Muller S, Bailey J, Bajpai R, et al. Risk of
adverse outcomes during gabapentinoid
therapy and factors associated with
increased risk in UK primary care using the
clinical practice research datalink: a
cohort study. Pain. 2024;165(10):2282-2290.
doi:10.1097/j.pain.0000000000003239
Escrito por Ana Clara Gonçalves Madeiro
10. Testes para reações automáticas destacam impactos na vida de pessoas com osteoartrite dolorosa no joelho
Em um estudo australiano, pessoas com osteoartrite e dor no joelho, associaram ilustrações de movimentos na região como algo negativo em comparação aos indivíduos sem dor nos membros inferiores. Esse tipo de avaliação pode ser importante para observar reações automáticas, diferenciando-se dos autorrelatos – que dependem de respostas conscientes. O estudo evidenciou que indivíduos com osteoartrite dolorosa no joelho associaram mais os movimentos com noções de perigo, podendo impactar no cotidiano de suas vidas. É válido destacar que dados da amostra, como a etnia, não foram observados, limitando a representatividade. Apesar disso, o teste desenvolvido pode ser feito em conjunto com autorrelatados, auxiliando em observações detalhadas para uma visão mais ampla da pessoa que está sendo avaliada.
A pesquisa recrutou participantes entre 20 de outubro de 2021 e 20 de outubro de 2022 e buscou desenvolver um teste de reação implícita. Na triagem, foram excluídas pessoas com menos de 18 anos ou relato de diagnóstico de comprometimento cognitivo. A mostra final apresentou 223 pessoas com osteoartrite dolorosa, 207 sem algia e 99 tinham dor nos membros inferiores sem a osteoartrite. Dados demográficos foram coletados, como a data de nascimento, sexo, o maior nível de escolaridade concluído, questão financeira e país de residência. Também preencheram questionários de autorrelatos, como suas percepções sobre a dor, exercícios/atividades, comorbidades e complicações da osteoartrite. Após isso, os pesquisadores aplicaram o teste em computadores, oferecendo escala de 0 a 10 (de nada perigoso até o maior perigo imaginável).
Referência: Pulling BW, Braithwaite FA, Mignone J, et al. People with painful knee osteoarthritis hold negative implicit attitudes towards activity. Pain. 2024;165(9):2024-2034. doi:10.1097/j.pain.0000000000003210
Escrito por Júlia Paiva Fideles.
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