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Divulgação Científica
1. Dor é mais comum entre minorias identitárias e sexuais
Um estudo
transversal, baseado em dados da National
Health Interview Survey, avaliou a
prevalência de dor crônica entre adultos
norte-americanos, de 18 a 64 anos, que se
identificam como minorias sexuais. Como
resultados, observou-se que adultos de
minorias sexuais são mais propensos a
consumir álcool ou tabaco de maneira
excessiva e têm menor probabilidade de serem
casados ou terem filhos, além disso, o nível
de atividade física inadequado é comum. Os
adultos bissexuais são particularmente
jovens e com elevada obesidade, enquanto
gays e lésbicas em geral têm maior grau de
escolaridade, fator protetor para a dor.
Também foi observado que pessoas bissexuais
e que se identificam como minorias sexuais,
em maior parte vivem em famílias com renda
baixa, e apresentam maiores níveis de
sofrimento psicológico. Em relação a dor, a
faixa com maior limiar de dor e dor crônica
se encontrou entre idosos bissexuais e/ou
que se entendem como minorias identitárias e
sexuais.
Somado a isso,
foram relacionadas covariáveis, como medidas
demográficas, socioeconômicas, de saúde e de
sofrimento psicológico. O estudo foi
conduzido entre 2013 e 2018, com base em 6
perguntas que definiam a orientação sexual e
qual o tipo de dor que sentiam.
As variáveis
citadas no estudo dizem respeito a dados
demográficos; raça/etnia, região de
residência, idioma de entrevista, estado
civil, ter filhos em casa; características
socioeconômicas; comportamentos de saúde,
como tabagismo e uso de álcool; experiências
de saúde, obtida pela satisfação com
atendimentos médicos anteriores e o local de
atendimento e sofrimento psicológico. Com
isso, foi estimada a prevalência da dor e a
interferência das covariáveis.
Referências:
Zajacova A, Grol-Prokopczyk H, Liu H, Reczek
R, Nahin RL. Chronic pain among U.S. sexual
minority adults who identify as gay, lesbian,
bisexual, or "something else". Pain.
2023;164(9):1942-1953. doi:10.1097/j.pain.0000000000002891
Alerta
submetido em 10/11/2023 e aceito em
20/12/2023.
Escrito por
Victoria Rodrigues de Sousa dos Santos.
2. Qualidade do sono em pessoas com insônia e dor crônica
Um estudo realizado em Hospitais
Universitários da Bélgica coletou dados e
comparou as informações de um autorrelato
com os resultados de dois exames sobre a
qualidade de sono. Os 123 participantes com
dor crônica não especificada com insônia,
realizaram o PSQI (Índice de Qualidade de
Sono Pittsburgh), perguntas como “demorou
mais que 30 min para adormecer?” foram
confrontadas com as respostas da
polissonografia (PSG) e da actigrafia. Ao
analisar a latência para início do sono
(SOL), tempo de total de sono (TST), tempo
na cama (TIB) e eficiência do sono (SE), foi
verificado subestimação e superestimação em
alguns dados. Nesse sentido, os exames foram
fundamentais para verificar de forma
específica, uma vez que o descanso faz parte
da saúde e do bem-estar do indivíduo,
podendo até ser um intensificador para dor.
O estudo transversal realizou uma análise
comparativa através dos dados dos exames de
actigrafia (monitorado por 4 semanas) e PSG
(por uma noite), como meios de verificar as
informações de forma mais objetiva. Por
exemplo, houve uma subestimação, ou seja,
uma desvalorização, do relato de TST (377)
em relação ao tempo fornecido pela PSG, que
foi de 429, o que indica que os
participantes tinham uma sensação de que o
sono durava menos do que realmente era. Essa
disparidade do pode ser explicada pela
sensação dos pacientes não terem tido sido
um sono restaurador, seguido por um dia
acompanhado de fadiga. E uma das
superestimações ocorridas foi entre o TIB
(495) que foi mais duradouro do que a
realidade coletada na polissonografia (482).
Esses resultados revelam que a percepção e
realidade da qualidade do sono pode ser bem
diferente nesses pacientes.
Referências: Bilterys T, Van Looveren E,
Malfliet A, Nijs J, Meeus M, Danneels L,
Ickmans K, Cagnie B, Goubert D, Moens M, De
Baets L, Munneke W, Mairesse O. Relationship,
differences, and agreement between objective
and subjective sleep measures in chronic
spinal pain patients with comorbid insomnia:
a cross-sectional study. Pain. 2023 Sep
1;164(9):2016-2028. doi: 10.1097/j.pain.0000000000002901.
Epub 2023 Apr 6. PMID: 37027148.
Alerta
submetido em 03/11/2023 e aceito em
10/11/2023. Escrito por Aline Frota Brito.
3. Dor aguda em adolescentes portadores de anemia falciforme
Um estudo norte americano mostrou que
adolescentes portadores de anemia
falciforme, do sexo feminino e com histórico
de frequência elevada de utilização de
serviços de saúde apresentam declínio mais
lento da intensidade da dor, durante
tratamento da dor aguda em pronto-socorro. O
estudo se trata de uma revisão retrospectiva
de registros eletrônicos de um programa de
atendimento a anemia falciforme pediátrica.
O objetivo foi encontrar diferenças na
trajetória da dor aguda relacionada a sexo e
frequência de busca a atendimentos para
episódios de dor em adolescentes portadores
de anemia falciforme. Foram avaliados 113
pacientes entre 15 e 18 anos, com
minimamente uma consulta em pronto-socorro
devido a dor aguda relacionada à anemia
falciforme.
Foi considerada para avaliação do estudo a
última consulta em pronto-socorro
relacionada à dor devido a anemia falciforme
(consulta índice). Também foi calculada a
frequência do paciente em serviços de saúde
nos 12 meses antecedentes à consulta índice,
fármacos prescritos (opioides, analgésicos
não-esteroides e analgésicos adjuvantes)
utilizados na consulta em pronto-socorro e
escores de dor aplicados. Os pacientes com
maior frequência de comparecimento ao
serviço de saúde, apresentaram maior escore
de avaliação de dor inicial e possuíam maior
chance de receber opioides em via
intravenosa ou intranasal. Todos
apresentaram tendência de diminuição da dor
ao longo do atendimento, mas, adolescentes
do sexo feminino com alta frequência na
utilização dos serviços de saúde devido a
dor apresentaram declínio mais lento da dor
durante tratamento no atendimento no
pronto-socorro, na avaliação realizada na
consulta índice.
A frequência de comparecimento ao serviço
foi avaliada na unidade adotada, excluindo
outros possíveis atendimentos do paciente,
sendo uma limitação do estudo. A dor crônica
em anemia falciforme também não foi
avaliada. Sugere-se maiores investigações
por meio de estudos prospectivos que levem
em consideração os quadros de dor aguda e
crônica.
Referências: Astles R, Liu Z, Gillespie SE,
Lai KW, Maillis A, Morris CR, Lane PA,
Krishnamurti L, Bakshi N. Sex and frequency
of pain episodes are associated with acute
pain trajectories in adolescents with sickle
cell disease. Pain Rep. 2023 Aug
7;8(5):e1084. doi:
10.1097/PR9.0000000000001084. PMID:
37559677; PMCID: PMC10409410.
Alerta
submetido em 10/11/2023 e aceito em
20/12/2023.
Escrito por Rafaela Silva Motta.
4. Crianças com Osteogênese Imperfeita e o Tratamento Multimodal
Uma revisão
integrativa da literatura que buscou avaliar
intervenções multimodais para o manejo da
dor em usuários de saúde pediátricos com
diagnóstico de Osteogênese Imperfeita, em
Chicago (USA). Devido a deficiência de
colágeno essa doença rara gera complicações
sistêmicas, principalmente a nível ósseo.
Para tanto, as quatro intervenções
encontradas nessa análise demonstraram
efetividade quando aplicadas em conjunto.
Na busca
inicial foram encontrados 1.488 artigos, dos
quais após a adoção dos critérios de
inclusão e exclusão restaram 15 trabalhos.
Diante da amostra conclui-se que a terapia
com bisfosfonatos, à medida que promove
melhora na densidade óssea, alivia a dor em
um período de curto prazo. Intervenções
cirúrgicas para a fixação de ossos longos
aumentam a força muscular e diminuem a taxa
de fraturas. A fisioterapia eleva a
capacidade de trabalho e consumo máximo de
oxigênio. Por fim, o apoio psicológico para
crianças com Osteogênese Imperfeita ajuda a
abordar aspectos não físicos da dor e
contribuir para a adesão ao tratamento.
Para além
disso, tais terapias demonstram mais
efetividade quando trabalhadas em conjunto,
como por exemplo, intervenções cirúrgicas
com intermédio de bisfosfonatos possuem
melhor desfecho. Assim, a adoção desse
raciocínio mostra-se efetiva para uma melhor
linha de atenção clínica com crianças
portadoras de Osteogênese Imperfeita,
fazendo-se necessária a ampliação de
pesquisas sobre as terapias multimodais.
Referências:
Dlesk TE, Larimer K. Multimodal Pain
Management of Children Diagnosed with
Osteogenesis Imperfecta: An Integrative
Literature Review. Pain Manag Nurs.
2023;24(1):102-110. doi:10.1016/j.pmn.2022.08.014
Alerta
submetido em 25/09/2023 e aceito em
24/10/2023.
Escrito por Karoline Cristina Jatobá da
Silva.
5. Laser de alta intensidade é capaz de reduzir dores
O laser de
alta intensidade demonstrou ser eficaz no
alívio de dores de diferentes origens. Uma
revisão sistemática promovida pela
Universidade Federal do Maranhão e um
Instituto Mineiro buscou entender a
analgesia com o laser terapia sem a
ocorrência de eventos adversos. Para
entender melhor a eficácia desse tipo de
tratamento, comparadas às terapias
convencionais, foram realizadas buscas por
artigos publicados nas plataformas Medline,
LILACS, Pubmed e PEDro entre julho de 2020 a
agosto de 2022.
Nesse
contexto, para obter uma visão geral e
confiável desse assunto por meio de uma
síntese do conhecimento foram selecionados
trinta e um artigos, sendo vinte e um
estudos randomizados, cinco não randomizados
e cinco revisões sistemáticas da literatura.
Esses estudos abordaram dores de diferentes
origens, como, por exemplo, a osteoartrite
de joelho e a dor lombar. As intervenções
incluíram o uso de laser placebo, o laser de
alta intensidade como tratamento isolado e o
laser em conjunto com exercícios físicos,
descompressão espinhal ou fisioterapia
conservadora. Além disso, todos os estudos
mensuraram a dor utilizando a escala
analógica visual (EAV), um instrumento para
verificar a evolução ou redução da dor
durante a terapêutica. Sendo assim,
independente do laser de alta intensidade
ser empregado como terapia única ou
associado a outra intervenção, os resultados
mostraram-se eficazes.
Portanto, é
clara a eficiência da terapia com o laser de
alta intensidade na redução da dor em várias
síndromes dolorosas sem ocasionar eventos
adversos indesejáveis. No entanto, como
limitação para este estudo destaca-se a
falta de padronização nos parâmetros de
irradiação do laser e por isso, faz-se
necessário ensaios clínicos maiores e bem
desenhados.
Referência:
Silva, U. U. O., Servin, E. T. N., Leal, P.
da C., Barros de-Oliveira, C. M., Moura, E.
C. R., & Silva-Junior, O. de M.. (2023).
High-intensity laser for the treatment of
pain: systematic review. Brjp, 6(2),
160–170. https://doi.org/10.5935/2595-0118.20230030-en
Alerta submetido em 10/09/2023 e aceito em
31/10/2023.
Escrito por Ana Falkenberg Marques, Luísa
Araújo Fonseca e Luísa John Schoffen.
6. Traços de personalidade estão associados à ocorrência e a persistência da dor crônica O estudo
revelou evidências de associações
significativas de traços de personalidade e
transtornos depressivos maiores com a
incidência e persistência de dor crônica.
Entre os anos de 2003 e 2021 pesquisadores
realizaram estudos em Lausanne (Suíça), com
2.578 participantes com idade entre 35 e 75
anos por meio de questionários para saber se
os transtornos psiquiátricos, traços de
personalidade e eventos traumáticos na
infância previam incidência e persistência
de dor crônica ou não.
Os principais
dados dessa pesquisa transversal prospectiva
vêm de um estudo chamado CoLaus|PsyCoLaus,
após uma primeira avaliação física e
psiquiátrica, realizada entre 2003 e 2008, a
coorte foi acompanhada 3 vezes. A partir dos
resultados desse primeiro estudo, os
participantes responderam a outros
questionários relacionados a dor e a sua
localização, com isso, foram coletadas
informações diagnósticas sobre transtornos
mentais, incluindo transtorno depressivo
maior e eventos traumáticos infantis ao
longo da vida.
Os traços de
personalidade estão associados tanto à
ocorrência quanto à persistência da dor
crônica, enquanto os transtornos depressivos
maiores podem estar mais associados à
persistência da dor crônica. Uma limitação
do estudo é a ausência de medidas de
personalidade antes do primeiro episódio de
humor e o risco de recordações imprecisas
por conta da idade avançada de alguns
participantes.
Referências:
Rouch I, Strippoli MF, Dorey JM, et al.
Psychiatric disorders, personality traits,
and childhood traumatic events predicting
incidence and persistence of chronic pain:
results from the CoLaus|PsyCoLaus study.
Pain. 2023;164(9):2084-2092. doi:10.1097/j.pain.0000000000002912
Alerta
submetido em 03/11/2023 e aceito em
17/11/2023. Escrito por Sara Oliveira Quadros.
7. Software possibilita análise rápida de dor pós-operatória em crianças
Pesquisadores da China desenvolveram um Software, chamado Children Pain Assessment Neural Network (CPANN), que possibilita a interpretação automática da dor pós-operatória em crianças. O desenvolvimento decorreu a partir da elaboração de uma base de dados (Clinical Pain Expression of Children – CPEC) que continha gravações das expressões faciais infantis após procedimentos, posteriormente, avaliações de profissionais e autorrelatadas de dor (por meio do uso de escalas) foram incorporadas ao sistema juntamente com o processamento deep learning, com o objetivo de facilitar a interpretação da dor em crianças.
O estudo avaliou gravações pré e pós-operatórias de 4104 crianças, de 0 a 14 anos de idade, que foram divididas em grupos de treinamento e grupos de teste. Inicialmente, dois enfermeiros trabalhavam conjuntamente, um fornecia uma avaliação resumida da dor (Sem dor-0, dor leve-1, dor moderada-2 e dor intensa-3) para cada criança e o segundo profissional registrava o vídeo. Posteriormente, 2 enfermeiros especialistas e experientes analisavam cada vídeo pós-operatório com a escala de avaliação da dor e a condição da criança para gerar um rótulo de dor. A escala utilizada para avaliação de crianças menores de 7 anos foi a Face, Legs, Activity, Cry, Consolability e para a avaliação de crianças maiores de 7 anos, utilizaram o autorrelato guiado pela Faces Pain Scale- Revised (FPS-R). A última etapa de revisão dos dados era realizada por duas enfermeiras pediátricas experientes que revisaram todos os vídeos e avaliações previamente feitas. As avaliações manuais obtidas pelo emprego das duas escalas (FLACC e FPS-R) e a avaliação resumida da dor, compuseram a base de dados intitulada Clinical Pain Expression of Children (CPEC). A CPEC foi utilizada como base para o processamento deep learning realizado pelo software CPANN.
Por fim, verificaram que o CPANN possui uma acurácia geral de 82,1%, o que possibilita uma avaliação rápida e precisa da dor infantil. Entretanto, o mecanismo ainda deve ser aprimorado, uma vez que o número de dados de crianças de 0 a 1 ano é pequeno comparado aos outros e o processamento é limitado a dados visuais, não abrangendo questões psicológicas e recursos sonoros.
Referências: Fang J, Wu W, Liu J, Zhang S. Deep learning-guided postoperative pain assessment in children. Pain. 2023 Sep 1;164(9):2029-2035. doi: 10.1097/j.pain.0000000000002900. Epub 2023 May 5. PMID: 37146182; PMCID: PMC10436358.
Alerta
submetido em 03/11/2023 e aceito em 17/11/2023.
Escrito por Ana Carolina Teles Marçal.
8. Predição de dor crônica pós-cirúrgica
O estudo
presente é uma revisão literária, na qual
Institutos Nacionais do Fundo Comum H
lançaram o programa de Assinaturas de Dor
Aguda a Crônica (A2CPS) para avaliar
biomarcadores candidatos, e transformá-los
em bioassinaturas descobrindo novos
biomarcadores para cronificação da dor após
a cirurgia. O objetivo do estudo, é a
discussão de biomarcadores identificados
pelo A2CPS para avaliação, incluindo medidas
genômicas, proteômicas, metabólicas,
lipídicas, neuroimagem, psicofísicas,
psicológicas e comportamentais. Os
resultados do estudo indicam que o uso de
bioassinaturas pode ser útil para
desenvolver um escore de risco para dor
crônica que poderia, posteriormente, ser
testado com intervenções direcionadas para
determinar seu papel na transição para a dor
crônica. Além de que, essas assinaturas
podem diferir entre indivíduos e a
compreensão desses subtipos de pacientes
pode ajudar a informar cuidados mais
individualizados.
Nesta
pesquisa, foi realizado um estudo de coorte
em uma grande amostra, com uma meta de 1.400
participantes que foram submetidos a
artroplastia de joelho ou cirurgia torácica
para determinar o risco ou resiliência para
desenvolver dor crônica. Os biomarcadores
são utilizados para diagnosticar, rastrear e
tratar doenças, entretanto, não existem
biomarcadores clínicos validados para dor
crônica, em específico. Sendo assim, os
biomarcadores da dor poderiam potencialmente
identificar vias biológicas e expressões
fenotípicas que são alteradas pela dor,
fornecendo informações sobre o tratamento
biológico e ajudando a identificar pacientes
em risco que podem se beneficiar de uma
intervenção precoce.
Dito isso, as
assinaturas permitirão desenvolver uma
bioassinatura de múltiplos biomarcadores que
predizem a transição da dor aguda para a
crônica em todo o espectro biopsicossocial.
Dessa forma, uma combinação de incapacidade
com fatores psicológicos, dor e trauma tem
sido proposta como um fator chave na
transição para a dor crônica, sugerindo que
combinações de vários fatores serão críticas
para a compreensão completa da cronificação
da dor. A junção de biomarcadores e
bioassinaturas relacionadas à dor poderiam,
portanto, informar hipóteses mecanicistas da
fisiopatologia da dor, potenciais alvos
terapêuticos e um meio de monitorar a
progressão e o tratamento da doença.
Referências:
Sluka KA, Wager TD, Sutherland SP, Labosky
PA, Balach T, Bayman EO, Berardi G, Brummett
CM, Burns J, Buvanendran A, Caffo B, Calhoun
VD, Clauw D, Chang A, Coffey CS, Dailey DL,
Ecklund D, Fiehn O, Fisch KM, Frey Law LA,
Harris RE, Harte SE, Howard TD, Jacobs J,
Jacobs JM, Jepsen K, Johnston N, Langefeld
CD, Laurent LC, Lenzi R, Lindquist MA,
Lokshin A, Kahn A, McCarthy RJ, Olivier M,
Porter L, Qian WJ, Sankar CA, Satterlee J,
Swensen AC, Vance CGT, Waljee J, Wandner LD,
Williams DA, Wixson RL, Zhou XJ; A2CPS
Consortium. Predicting chronic postsurgical
pain: current evidence and a novel program
to develop predictive biomarker signatures.
Pain. 2023 Sep 1;164(9):1912-1926. doi:
10.1097/j.pain.0000000000002938. Epub 2023
Jun 15. PMID: 37326643; PMCID: PMC10436361.
Alerta
submetido em 03/11/2023 e aceito em 24/11/2023.
Escrito por Anne Karollyne Alves da Silva.
9. Canabinoides para tratamento da dor inflamatória crônica
Um estudo
realizado nos Estados Unidos acerca do uso
de extrato de cannabis concluiu que THC tem
efeitos antinociceptivos evidentes, enquanto
CBD, não. A pesquisa foi realizada em ratos,
e objetivou descrever os efeitos dos
extratos de cannabis vaporizados
predominantemente com THC ou CBD para dor
inflamatória persistente, bem como as
diferenças apresentadas na resposta entre
machos e fêmeas.
Foram
utilizados 95 machos e 86 fêmeas que
receberam THC ou CBD vaporizados, nas
concentrações de 200 e 400mg/ml por um
período de cinco dias, tendo um grupo
recebido THC apenas nos dias 4 e 5 para
comparação do uso contínuo com o
intermitente. Com os resultados, foi
possível concluir melhora causada por THC
dose-dependente, com certa tolerância à
exposição repetida. Enquanto isso, o extrato
de CBD não produziu efeitos
anti-inflamatórios ou antinociceptivos
significativos. Quanto às diferenças de
sexo, observou-se que fêmeas produziram mais
metabólitos ativos, assim como apresentaram
uma maior produção destes metabólitos com a
exposição repetida, o que não foi observado
em machos.
Dessa forma, o
estudo evidenciou o possível uso de THC para
antinocicepção na dor inflamatória, sendo
necessários mais estudos para maior
precisão. Outro ponto a se ressaltar é que
por ter apresentado uma tolerância diminuída
com repetidas doses, o estudo sugere que THC
teria uma janela terapêutica estreita.
Referências:
Craft RM, Gogulski HY, Freels TG, Glodosky
NC, McLaughlin RJ. Vaporized cannabis
extract-induced antinociception in male vs
female rats with persistent inflammatory
pain. Pain. 2023;164(9):2036-2047. doi:10.1097/j.pain.0000000000002902
Alerta submetido em 03/11/2023 e aceito
em 24/11/2023.
Escrito por Mariana Jonas Smith.
10. O estresse contínuo é capaz de causar dor e tristeza
Conflitos
estressantes e contínuos estão associados ao
aumento do antagonista do receptor de
interleucina-1 (IL-1Ra), o que leva a uma
maior sensibilidade de dor e tristeza em
mulheres que já passaram pelo câncer de
mama. Um ensaio clínico randomizado,
promovido pelo Instituto de Pesquisa em
Medicina Comportamental da Universidade do
Estado de Ohio, buscou entender se
sobreviventes de câncer de mama com maior
exposição a estresse social agudo e crônico,
ou não expostas, apresentariam aumento da
dor, tristeza ou fadiga durante uma resposta
inflamatória aguda. A metodologia desse
estudo avaliou o estresse crônico e agudo
por meio da resposta a alguns instrumentos
de medição e a resposta inflamatória foi
avaliada pela coleta de sangue. Após a
análise de todos os dados coletados, ajustes
estatísticos e avaliação comportamental, os
resultados mais consistentes indicaram que
as mulheres que foram curadas do câncer de
mama, mas que estão expostas ao estresse
crônico relataram mais dor e tristeza em
resposta ao aumento de IL-1Ra, ou seja, esse
tipo de fator externo pode ser responsável
pela implicação de dor crônica e risco de
depressão entre sobreviventes de câncer de
mama.
Aproximadamente 150 mulheres, entre 36 e 78
anos, foram selecionadas para essa pesquisa.
A avaliação da resposta inflamatória se deu
após receberem o placebo ou a vacina contra
febre tifoide, isto é, essas mulheres
tiveram o seu sangue coletado a cada 90
minutos durante as 8 horas seguintes após a
vacinação para avaliar os níveis de
interleucina-6 e do antagonista do receptor
de interleucina-1 (IL-1Ra). Além disso, logo
após cada coleta de sangue, foi avaliado
também os níveis de dor, tristeza e fadiga
por meio da escala Likert. Para a medição do
estresse agudo utilizou-se o Inventário
Diário de Eventos Estressantes (DISE) e para
a medição do estresse crônico foram usados o
Inventário Trier de Estressores Crônicos (TICS)
e o Teste de Troca Social Negativa (TENSE).
Portanto, tal
estudo pode ajudar a explicar a comorbidade
de dor crônica e depressão na sobrevivência
ao câncer de mama e assim, abre caminho para
mais estudos relacionados a esse assunto.
Referências:
Madison, A. A., Renna, M., Andridge, R.,
Peng, J., Shrout, M. R., Sheridan, J.,
Lustberg, M., Ramaswamy, B., Wesolowski, R.,
Williams, N. O., Noonan, A. M., Reinbolt, R.
E., Stover, D. G., Cherian, M. A., Malarkey,
W. B., & Kiecolt-Glaser, J. K. (2023).
Conflicts hurt: social stress predicts
elevated pain and sadness after mild
inflammatory increases. Pain, 164(9),
1985–1994. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000002894
Alerta submetido em 24/11/2023 e aceito
em 08/12/2023.
Escrito por Gabriela Oliveira Gonçalves.
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