Divulgação Científica
1. Atividade física em indivíduos com dor crônica
Pesquisadores
da Universidade de Dundee, Reino Unido,
realizaram uma revisão sistemática em 2024
para identificar os facilitadores e
barreiras para a prática de exercícios em
adultos com dor crônica. O estudo utilizou o
modelo COM-B (capacidade, oportunidade e
motivação) para categorizar as influências
no comportamento, evidenciando fatores
modificáveis que podem orientar futuras
intervenções. Apesar dos benefícios
comprovados da atividade física, como alívio
da dor, regeneração nervosa periférica e
melhora da qualidade de vida, a adesão entre
pacientes com dor crônica ainda é baixa. A
pesquisa destaca a necessidade de
estratégias mais eficazes para superar
desafios físicos, emocionais e sociais no
manejo da dor crônica.
A revisão foi
composta por 40 estudos com 2.376
participantes, representando diversas
condições de dor crônica, como dor lombar,
osteoartrite e fibromialgia. Entre as
barreiras mais frequentes, destacam-se o
medo de piorar a dor, a falta de tempo,
recursos financeiros, apoio social
insuficiente tanto de familiares como de
profissionais de saúde, acesso limitado a
espaços adequados e o desconhecimento sobre
os benefícios da atividade física. Por outro
lado, o suporte de familiares e amigos,
melhoria no bem-estar mental, desejo de
evitar medicamentos, a presença de
profissionais de saúde bem-preparados e
programas personalizados de exercícios foram
apontados como facilitadores para estimular
a adesão.
Portanto, o
estudo conclui que a prática de atividade
física em pessoas com dor crônica pode ser
incentivada por intervenções centradas na
pessoa, programas personalizados e suporte
social adequado. Reforçando a importância de
estratégias colaborativas para superar
barreiras individuais e sociais, promovendo
maior adesão à atividade física e,
consequentemente, melhorando a qualidade de
vida dessa população.
Referências:
Leese C, Gupte D, Christogianni A, et al.
Barriers and facilitators for physical
activity in people living with chronic pain:
a systematic review and combined analysis.
Pain. 2024;165(12):2721-2732. doi:10.1097/j.pain.0000000000003314
Escrito por
Roberto Junior Rodrigues de Jesus.
2. A importância da atenção primária no manejo da dor crônica
A atenção
primária à saúde exerce uma função
estratégica no manejo da dor crônica, devido
à sua acessibilidade e continuidade do
cuidado, possibilitando a identificação
precoce. Além de uma abordagem integrada de comorbidades e fatores biopsicossociais que
podem precipitar ou exacerbar esse sintoma.
Pesquisadores brasileiros do Centro
Universitário Municipal de Franca,
investigaram conceitos e abordagens médicas
para a terapêutica de pacientes que possuem
dores crônicas e podem ser cuidados na
atenção básica. Esse estudo tem como
objetivo compilar informações e investigar
as abordagens disponíveis para profissionais
da saúde pública. A proximidade entre o
profissional de saúde da atenção primária à
comunidade é fundamental para o manejo da
dor crônica de forma integral. Esse estudo é
importante, pois o devido acolhimento nesse
serviço pode evitar a piora da qualidade de
vida e desamparo do usuário.
Essa revisão
bibliográfica buscou textos publicados em
bibliotecas virtuais como NCBI, Lilacs e
Scielo. Foram também utilizados materiais
contidos em livros textos que guiam a
prática médica, incluindo literaturas de
semiologia, clínica médica e medicina de
família e comunidade. Uma limitação abordada
pelo artigo é a escassez de informações
atualizadas disponíveis na literatura atual
sobre as abordagens para atualização dos
profissionais do SUS.
Referência:
Sertório, DM; Tomita, BF; Calábria, BA;
Perez, MV; Kurihara, ACZS; Hungaro, TA. Dor
crônica na atenção primária à saúde: uma
revisão da literatura. Revista Brasileira de
Revisão de Saúde 7 (5), p 01-11, setembro de
2024. | DOI: 10.34119/bjhrv7n5-008. Escrito por Emanuelle Lorraine Nolêto das Neves.
3. O papel do microbioma no controle da sensibilidade à dor crônica
Uma revisão de
literatura científica analisou como o
microbioma pode influenciar na dor crônica,
utilizando artigos de pesquisas originais e
experimentos pré-clínicos. Os pesquisadores
observaram que a disbiose, um desequilíbrio
nas situações microbianas, pode estar
associada a diversas condições de dor
crônica, como síndrome do intestino
irritável e doenças inflamatórias. As
descobertas reforçam que o microbioma
desempenha um papel significativo na
modulação da dor, abrindo caminho para novas
abordagens terapêuticas baseadas na
manipulação da microbiota.
A pesquisa
incluiu 97 artigos e 303 experimentos,
destacando a necessidade de aprofundar a
compreensão dessa relação complexa. A
revisão destacou três abordagens principais:
probióticos (especialmente Lactobacillus e
Bifidobacterium), que reduziram a dor
visceral e inflamatória; antibióticos, que
aumentaram a sensibilidade à dor em animais
saudáveis, mas tiveram efeitos analgésicos
em modelos de lesão; e transplante de
microbiota fecal (TMF), em que transferiu
características de dor entre animais,
sugerindo um papel causal do microbioma.
Modelos experimentais em animais livres de
germes permitiram avaliar o papel dos
microrganismos na modulação da dor,
indicando que a microbiota pode influenciar
a resposta neuroimune e os mecanismos de
sensibilização central.
Estratégias
como o uso de probióticos e transplantes
fecais mostram potencial uso na dor, mas
ainda são necessários estudos clínicos para
validar essas intervenções em humanos. A
pesquisa destaca a necessidade de
metodologias padronizadas e abordagens
interdisciplinares para traduzir esses
achados em aplicações médicas eficazes.
Referências:
Pratt ML, Plumb AN, Manjrekar A, et al.
Microbiome contributions to pain: a review
of the preclinical literature. Pain.
2025;166(2):262-281. doi:10.1097/j.pain.0000000000003376
Escrito por Larissa Souza França.
4. Estudo revela conexão entre endometriose, percepção corporal e depressão
O apoio social
afeta significativamente pessoas que usam
opioides em decorrência de dores prolongadas
e desenvolvem transtorno de estresse
pós-traumático (TEPT). Pesquisadores de
algumas universidades nos Estados Unidos
fizeram um estudo de Coorte, onde foi
analisado se a dor seria menor em pacientes
que tinham apoio social quando comparados a
pacientes que não tinham. O estudo destaca
que pessoas que não têm apoio social e são
acometidas por dores crônicas são mais
passíveis de usarem mais opioides e, em
decorrência disso, desenvolverem TEPT.
Quando comparado com pessoas que têm apoio
social, é visto que essas pessoas com apoio
social sentem menos dores e, por
consequência, usam menos opioides.
A pesquisa foi
realizada com início em novembro de 2019 e
terminou em novembro de 2023, 852
participantes concluíram a pesquisa e 808
foram elegíveis para o estudo.
A pesquisa
seguiu o modelo de estudo de coorte
prospectivo com avaliações de acordo com as
linhas de bases. Os pacientes foram
recrutados a partir de 2 sistemas de saúde,
todos tinham acima de 18 anos e não poderiam
ter nenhuma dor relacionada ao câncer,
dentre todos os pacientes foi analisado que
17,2% tinham provável TEPT. O TEPT foi
significativamente associado a um maior uso
de opioides e pessoas com mais locais de dor
e que consumiam mais opioides foram
associados com um menor aporte emocional.
Referência:
Sullivan MD, Wilson L, Amick M, et al.
Social support and the association between
post-traumatic stress disorder and risk for
long-term prescription opioid use. Pain.
2024;165(10):2379-2386. doi:10.1097/j.pain.0000000000003286
Escrito por Luana Júlia Faria Gonçalves.
5. Dor, o que preciso saber?
Pacientes com dor aguda necessitam de informações claras sobre a intensidade e duração da dor, bem como sobre o uso de medicamentos e seus efeitos adversos. Essa foi a principal descoberta de uma revisão sistemática realizada por pesquisadores do Canadá. A pesquisa revelou barreiras significativas no manejo dessa condição, destacando a importância de intervenções educacionais para o manejo da dor. Os achados reforçam a necessidade de uma abordagem educacional centrada no paciente, alinhada às preferências individuais e à comunicação eficaz com profissionais de saúde. Contudo, há limitações na pesquisa.
A revisão sistemática analisou 69.165 estudos iniciais. Os pesquisadores aplicaram rigorosos critérios de inclusão, resultando em 32 estudos que atenderam aos requisitos da revisão. A metodologia envolveu a análise de dados quantitativos e qualitativos para identificar temas e subtemas relacionados às necessidades educacionais. Dois revisores independentes conduziram a codificação e agruparam os dados, garantindo consistência da revisão. Um terceiro revisor foi acionado para resolver discordâncias. Os estudos selecionados foram majoritariamente conduzidos entre 2010 e 2023, em populações da Europa, Canadá e Estados Unidos.
Estudos futuros devem validar os resultados em populações diversas para ampliar a aplicação das intervenções e promover um cuidado mais abrangente.
Referências: Bérubé M, Verret M, Bourque L, Côté C, Guénette L, Richard-Denis A, Ouellet S, Singer LN, Gauthier L, Gagnon MP, Gagnon MA, Martorella G. Educational needs and preferences of adult patients with acute pain: a mixed-methods systematic review. Pain. 2024 Dec 1;165(12):e162-e183. doi: 10.1097/j.pain.0000000000003288. Epub 2024 Jun 18. PMID: 38888742; PMCID: PMC11562761.
Escrito por Isabela Ribeiro de Azevedo.
6. A acupuntura é um promissor tratamento da dor crônica A acupuntura é
um modulador significante de processos
epigenéticos envolvidos no gerenciamento da
dor neuropática. Pesquisadores coreanos
realizaram uma pesquisa em formato de
revisão em 2024, a fim de consolidar estudos
existentes sobre processos bioquímicos do
DNA relacionados com a analgesia da
acupuntura. Assim, este estudo se faz
essencial, visto que a dor crônica possui
uma complexa fisiopatologia, o que explica o
difícil tratamento. Dessa forma, a
acupuntura, como prática integrativa em
saúde, torna-se uma alternativa promissora
de abordagem e manejo clínico da dor.
O principal
fator analisado durante a revisão foi a
metilação do DNA na dor crônica. A metilação
é composta de uma séria de reações
bioquímicas e está envolvida em oncologia,
doenças neurológicas, estados patológicos de
expressão gênica e atividade anormal no
sistema nervoso. Dessa forma, os resultados
dos estudos analisaram que a reação contínua
de certas enzimas é importante na manutenção
da dor. Nesse contexto, a acupuntura provoca
modificações estruturais e fisiológicas
significativas no sistema nervoso central.
Além disso, alguns estudos verificados
sugerem a atuação da acupuntura no nível
genômico, propulsionando os padrões de
metilação do DNA, aumentando a expressão de
algumas moléculas e, assim, regulando a dor
crônica por meio das redes neurais.
Estudos
pré-clínicos demonstraram a eficácia da
acupuntura no alívio da depressão, ansiedade
e comprometimento cognitivo associados à dor
neuropática. Como principal achado, esta
prática integrativa em saúde possui um
potencial papel na regulação da rede neural,
com ação ansiolítica, analgésica e de
aprimoração cognitiva. Portanto, esta
revisão é essencial para ressaltar a relação
entre a metilação do DNA, a dor neuropática
e os efeitos modulatórios da acupuntura,
oferecendo novas estratégias de
gerenciamento da dor. Entretanto, mais
pesquisas são necessárias para elucidar os
mecanismos abordados e explorar o potencial
das práticas integrativas em saúde no
gerenciamento da dor crônica.
Referências:
Jang JH, Lee YJ, Ha IH, Park HJ. The
analgesic effect of acupuncture in
neuropathic pain: regulatory mechanisms of
DNA methylation in the brain. Pain Rep.
2024;9(6):e1200. Published 2024 Oct 23. doi:10.1097/PR9.0000000000001200
Escrito por Giovanna Aparecida Carvalho de Jesus.
7. O estresse no trabalho influencia na dor lombar crônica
Um estudo longitudinal brasileiro, feito ao longo de 4 anos, indica que a dor lombar crônica tem aumento de sua incidência, número de episódios e de sua gravidade pela exposição ao estresse laboral. A amostra foi composta por 1733 participantes entre 39 e 78 anos, em atividades laborais e sem dor lombar crônica no recrutamento. Coletou-se os dados da linha de base entre 2012 e 2014, com 3 entrevistas anuais por telefone entre 2015 e 2018. Observa-se que a pesquisa busca elucidar o papel do estresse no trabalho em aspectos da lombalgia crônica.
Nos telefonemas, coletaram informações, como se nos últimos 30 dias a pessoa apresentou lombalgia. Em caso positivo, pedia-se para caracterizar a intensidade, incapacidade e cronicidade álgica. O estresse ocupacional foi avaliado a partir do modelo de questionário “The effort–reward imbalance” (ERI), com 6 itens sobre esforço, 10 sobre gratificações e 6 sobre comprometimento em excesso. Também verificaram variáveis sociodemográficas (idade, sexo, raça/cor, nível de escolaridade), características do trabalho e seu turno. Os resultados da ausência ou presença, e características da lombalgia e o desequilíbrio entre a satisfação e esforço foram ajustados conforme as variáveis sociodemográficas e ocupacionais, por meio da regressão logística multimodal e de Poisson.
Percebe-se que o estresse no trabalho pode influenciar no aumento de vários aspectos da lombalgia crônica. É importante frisar que uma das limitações do estudo foi a amostra ser composta por servidores públicos de instituições de ensino e pesquisa, não representando a população como um todo nas questões socioeconômicas. Porém, como pontos positivos, o material apresenta uma ampla amostra, trabalhadores em variados cargos e um acompanhamento ao longo de 4 anos.
Solicitamos não modificar este formulário.
Referência: Hubner FCL, Telles RW, Giatti L, et al. Job stress and chronic low back pain: incidence, number of episodes, and severity in a 4-year follow-up of the ELSA-Brasil Musculoskeletal cohort. Pain. 2024;165(11):2554-2562. doi:10.1097/j.pain.0000000000003276
Escrito por Júlia Paiva Fideles.
8. Consequências do câncer infantil no desenvolvimento da dor crônica
O estudo
Exploring Aspects of Survivors’ Experience
of Pain analisou sobreviventes adultos da
coorte retrospectiva Childhood Cancer
Survivor Study com o intuito de descrever a
prevalência de dor crônica, fatores de risco
e a ocorrência diária da interferência da
dor nesses indivíduos. Este é o primeiro
estudo a examinar as experiências diárias de
dor, humor, ansiedade e sono entre
sobreviventes de câncer infantil que têm dor
crônica, abordando as associações únicas
entre a dor diária e variáveis relacionadas.
Dessa forma, os resultados demonstraram que
a dor crônica e sua alta interferência são
problemas comuns em sobreviventes adultos de
câncer infantil.
De forma
geral, a prevalência de dor crônica em
sobreviventes adultos do câncer infantil
pode ser maior do que na população geral. O
surgimento da dor ao longo da trajetória do
câncer infantil ocorre por vários motivos
biopsicossociais como eventos dolorosos,
medos e inseguranças que diferem de
indivíduos sem histórico de câncer.
Nesse sentido,
o estudo utilizou o aplicativo Eureka
Reserarch para coletar relatos diários por
duas semanas de cerca de 245 sobreviventes
do câncer infantil. Nesse aplicativo, os
participantes respondiam perguntas
relacionadas a cronicidade, gravidade,
interferência, localização e causa da dor, e
por meio de preditores demográficos os
pesquisadores analisavam associações entre a
dor relatada e os fatores de risco dos
participantes. Após a análise dos dados, os
pesquisadores notaram que aproximadamente
41% dos sobreviventes adultos do câncer
relataram dor crônica, e dentro desse grupo
72% relataram interferência moderada a grave
da dor e 32% dor por mais de 10 anos. Em
relação ao psicológico, 44% dos
sobreviventes relataram sintomas
depressivos, 34% ansiedade e 26% apontaram
medo de recorrência do câncer.
Em virtude
disso, embora apresente limitações, o estudo
revela a necessidade da avaliação regular da
presença de dor crônica e dificuldades
psicológicas relacionadas aos sobreviventes
do câncer infantil. O objetivo é garantir
melhor gerenciamento das condições crônicas
de saúde física e psicológica, além de
prevenir ou reduzir o fardo da dor crônica e
suas interferências na vida desses
indivíduos.
Referências:
Alberts NM, Leisenring W, Whitton J, et al.
Characterization of chronic pain, pain
interference, and daily pain experiences in
adult survivors of childhood cancer: a
report from the Childhood Cancer Survivor
Study. Pain. 2024;165(11):2530-2543. doi:10.1097/j.pain.0000000000003284
Escrito por Sabrina Teixeira da Silva.
9. Prescrição de opioides e benzodiazepínicos estão relacionados ao aumento de lesões entre militares
Estudo
estadunidense aponta que a prescrição de
opioides e benzodiazepínicos está associada
ao maior desenvolvimento de lesões em
militares. Uma vez que, a inadequada
prescrição de opioides pode impactar na
qualidade de vida e no serviço ofertado por
militares, os pesquisadores exploram
possíveis a relação da prescrição de
opioides e lesões. Assim, o estudo que
consiste em um caso-controle analisou
indivíduos que entraram no serviço militar
entre 2005 e 2010, por meio da base de dados
Person-Event Data Environment do Army
Analytics Group.
Foi um estudo
de coorte, em que comparavam um indivíduo
com lesão e um sem lesão (ambos ingressos no
mesmo período no serviço militar) e
verificaram a associação da prescrição dos
fármacos. Por meio do uso da Classificação
Internacional de Doenças, nona edição,
(CID-9), identificaram os diferentes tipos
de lesões: acidentes, que incluíam veículos,
quedas, acidentes naturais, eventos
relacionados a drogas, drogas não opioides e
álcool e eventos relacionados a opioides.
Padronizaram amostras de 15.000 para cada
tipo de caso.
Posteriormente, verificaram a prescrição de
opioides e benzodiazepínicos nos 30 dias que
antecederam as lesões e assim verificaram
que a prescrição de opioides estava presente
em 17,27% dos indivíduos lesionados e apenas
4,10% no grupo controle. Em relação aos
fármacos benzodiazepínicos, as prescrições
para o grupo com lesão foram de 3.52% e
0.50% do grupo controle. Além disso, em
todos os tipos de lesões foi possível
observar um efeito dose-resposta.
Tais
resultados explicitam que o uso de opioides
e benzodiazepínicos está relacionado a maior
risco de lesões de diversas classes. Isto
posto, é válido reforçar a necessidade da
prescrição criteriosa de opioides a fim da
redução de tais riscos.
Referências:
Kelber MS, Smolenski DJ, Belsher BE, et al.
The associations of opioid and
benzodiazepine prescriptions with injuries
among US military service members. Pain.
2024;165(11):e138-e144. doi:10.1097/j.pain.0000000000003264
Escrito por Ana Carolina Teles Marçal.
10. A dor crônica em jovens pode afetar microestruturas do cérebro
A catastrofização da dor crônica em pacientes jovens causa diversas alterações microestruturais da massa branca no encéfalo. Pesquisadores do Reino Unido, Países Baixos e Estados Unidos realizaram um estudo caso-controle em 2023 baseado em uma coleta biofísica de imagens ponderadas por difusão, para analisar os perigos da dor crônica no sistema nervoso de jovens. Assim, o estudo contou com 97 participantes, 61 com dor crônica e 31 sem. Em seguida, foram separados em grupos, analisando-se as diferenças límbicas e corticais presentes em cada um. O objetivo dessa pesquisa foi explorar com mais profundidade o impacto e o fardo da dor crônica pediátrica. Identificou-se regiões cerebrais com alterações significativas na dispersão de orientação em jovens com dor crônica, como as corticais e as límbicas. Observou-se, como importante achado, alterações na organização de fibras nervosas associadas à catastrofização da dor, como um marcador de desgaste cerebral. Esse estudo forneceu novos entendimentos sobre a fisiopatologia da dor crônica.
A amostra final comportou 68 participantes (44 com dor crônica e 24 sem). O caso-controle contou com o uso de questionários estruturados para a coleta de dados, coletados em Boston. Utilizou-se os instrumentos: Escala de Catastrofização da Dor Para Crianças (PCS-C) e Inventário de Incapacidade Funcional (FDI) para avaliar os pensamentos relacionados à dor, bem como as dificuldades em realizar atividades de vida diária. Em seguida, utilizou-se um algômetro para avaliar a sensibilidade à dor por meio da pressão digital. Por fim, uma sequência de imagens foi obtida com o uso de um aparelho de ressonância magnética, analisando-se atividades neurais. Para a compilação dos resultados, foram usadas variadas ferramentas de análise estatística.
Entretanto, o uso de diferentes abordagens de análise foi limitado pelos interesses dos pesquisadores. Outro fator limitante foi a amostra pequena e pouco diversificada, explorando somente aspectos nervosos centrais. Portanto, são necessárias mais pesquisas aprofundadas sobre o tema.
Referências: Timmers I, Biggs EE, Bruckert L, et al. Probing white matter microstructure in youth with chronic pain and its relation to catastrophizing using neurite orientation dispersion and density imaging. Pain. 2024;165(11):2494-2506. doi:10.1097/j.pain.0000000000003269
Escrito por Giovanna Aparecida Carvalho de Jesus. |