Divulgação Científica
1. Exercício isométrico pode induzir hipoalgesia e hiperalgesia em pessoas saudáveis
Um estudo
realizado com participantes saudáveis na
Universidade de Tel Aviv, em Israel,
demonstrou que o exercício isométrico pode
induzir tanto hipoalgesia quanto
hiperalgesia em pessoas sem dor crônica. O
exercício físico é amplamente utilizado como
intervenção para dor crônica e, além de seus
benefícios funcionais, pode elevar o limiar
de dor — fenômeno conhecido como hipoalgesia
induzida por exercício. No entanto, o efeito
oposto, a hiperalgesia induzida por
exercício, é frequentemente observado em
pacientes com dor crônica.
O objetivo do
estudo foi investigar em que medida esses
efeitos ocorrem em indivíduos saudáveis e se
estão relacionados à capacidade de modulação
da dor. A amostra foi composta por 57
participantes saudáveis, sem histórico de
dor ou diagnóstico clínico, recrutados por
meio de anúncios na universidade.
Os resultados
revelaram respostas divergentes: 60% dos
participantes apresentaram aumento
significativo no limiar de dor por pressão (hipoalgesia),
enquanto 40% mostraram redução significativa
(hiperalgesia). A magnitude da hipoalgesia
correlacionou-se com níveis mais altos de
atividade física diária, enquanto a
hiperalgesia esteve associada ao estresse
percebido.
Além disso,
observou-se que o humor negativo está
relacionado a menor resposta hipoalgésica e
maior hiperalgesia, enquanto o reforço
positivo pode potencializar os efeitos
analgésicos do exercício. Esses achados
sugerem que a modulação da dor induzida por
exercício envolve não apenas fatores
físicos, mas também componentes
psicológicos, como humor e percepção
individual.
Referência:
Liebermann, Paza; Defrin, Ruthb,c,. Opposite
effects of isometric exercise on pain
sensitivity of healthy individuals: the role
of pain modulation. PAIN Reports 9(6):p
e1195, December 2024. | DOI:
10.1097/PR9.0000000000001195
Escrito por
Milena Dias Oliveira.
2. Técnicas de hipnose com sugestões diretas são mais eficazes na redução da dor
Um estudo
italiano revelou que técnicas de hipnose com
sugestões (comandos) diretas induzem melhor
analgesia do que aquelas com sugestões
indiretas. A pesquisa foi realizada em 2024
na Universidade de Pisa, com 65 voluntários
saudáveis, que receberam sessões de hipnose
com sugestões diretas ou indiretas. Os
benefícios da hipnose terapêutica no
controle da dor crônica têm sido
demonstrados, e esse estudo foi delineado
para investigar a diferença na eficácia da
hipnose com sugestões indiretas ou diretas
para o manejo da dor.
Os voluntários
foram divididos aleatoriamente para receber
sessões de hipnose com sugestões diretas ou
indiretas. As sugestões diretas indicavam
claramente um comportamento esperado, como
"imagine uma luva protetora", que instruíam
o cérebro a ignorar a dor. Enquanto as
sugestões indiretas empregavam metáforas e
histórias para transmitir o significado
pretendido, como "reviva uma memória
agradável". O teste de imersão em água
gelada foi utilizado como estímulo doloroso,
para medir os efeitos da hipnose na dor. A
resistência à dor foi medida nos
participantes antes e depois das sugestões,
usando escalas e testes padronizados. Os
pesquisadores também avaliaram o nível de
suscetibilidade do participante de responder
às sugestões e entrar em estado hipnótico.
Os resultados mostraram que tanto as
sugestões diretas quanto indiretas foram
eficazes na reduzir a dor. No entanto,
aqueles que receberam sugestões diretas
apresentaram maior efeito analgésico,
principalmente em indivíduos que entraram
mais facilmente em estado hipnótico, em
comparação àqueles que receberam sugestões
indiretas.
O estudo
mostrou que técnicas de hipnose baseadas em
sugestões diretas ou indiretas são eficazes
na redução da dor, mas as sugestões diretas
induzem efeitos analgésicos maiores. Apesar
dos resultados promissores, a pesquisa foi
realizada apenas com voluntários saudáveis,
e estudos em pacientes com dor crônica são
ainda necessários.
Referência:
Ciaramella A, Marcucci F, Boni M,
Santarcangelo EL, De Benedittis G. Effects
of Direct and Indirect Suggestions for
Analgesia: The Role of Hypnotizability and
Expectation of Pain Relief. J Pain.
2024;25(12):104671. doi:10.1016/j.jpain.2024.104671 Escrito por Dhara Leite Lopes.
3. Programa integrado de estilo de vida reduz incapacidade funcional em pacientes com dor lombar crônica
Um estudo
australiano revelou que um programa
integrado de cuidados clínicos convencionais
associados a melhora do estilo de vida reduz
a incapacidade funcional em pacientes com
dor lombar crônica. A pesquisa, realizada
entre 2017 e 2020 com 346 adultos, comparou
dois grupos: um recebeu intervenções
multidisciplinares (programa HeLP), enquanto
o outro seguiu o tratamento convencional.
Após seis meses, os pacientes que aderiram
ao programa apresentaram melhora clínica
significativa na mobilidade e qualidade de
vida, embora com efeitos modestos na dor.
O estudo
randomizado incluiu participantes com dor
lombar persistente e fatores de risco como
sedentarismo, obesidade, tabagismo e dieta
inadequada. O grupo intervenção recebeu
sessões com fisioterapeutas, nutricionistas,
e acompanhamento telefônico com coaches de
saúde, enquanto o grupo controle manteve o
tratamento padrão apenas com fisioterapia e
exercícios. Os resultados mostraram que,
embora a diferença média geral na
incapacidade funcional tenha sido pequena,
em pacientes com maior adesão ao programa a
redução da incapacidade foi mais
significativa. Além disso, no grupo HeLP,
foram observadas perda de peso e melhora na
qualidade de vida física. No entanto, não
houve impactos significativos na intensidade
da dor, tabagismo ou atividade física.
O programa
HeLP induziu benefícios modestos, porém
relevantes, para pacientes com dor lombar
crônica, especialmente quando há maior
engajamento. A abordagem multidisciplinar
mostrou-se viável, mas seus efeitos
limitados na intensidade da dor e tabagismo
indicam a necessidade de intervenções mais
personalizadas ou intensivas. Por outro
lado, os resultados sugerem que, para muitos
pacientes, os impactos da dor lombar crônica
podem ser reduzidos por mudança no estilo de
vida.
Referência:
MUDD, Emma; DAVIDSON, Simon R. E.; KAMPER,
Steven J.; SILVA, Priscilla Viana da;
GLEADHILL, Connor; HODDER, Rebecca Kate;
HASKINS, Robin; DONALD, Bruce; WILLIAMS,
Christopher M.. Healthy Lifestyle Care vs
Guideline-Based Care for Low Back Pain. Jama
Network Open, [S.L.], v. 8, n. 1, 10 jan.
2025. American Medical Association (AMA).
http://dx.doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2024.53807.
Escrito por Flavia Maria Silva Rodrigues
de Souza.
4. Estudo revela conexão entre endometriose, percepção corporal e depressão
Pesquisadores
italianos publicaram um estudo que revelou
que pacientes com endometriose com dor
intensa tendem a desenvolver hipervigilância
em relação ao desconforto pélvico, o que as
torna mais vulneráveis à depressão. A
pesquisa, publicada em 2024, destacou que
esse padrão está relacionado à forma como as
mulheres percebem e processam os sinais
internos do corpo, num processo chamado
interocepção. Esse quadro pode ser a chave
para entender por que tantas mulheres com
endometriose desenvolvem quadros depressivos
associados à doença.
O estudo
envolveu 301 mulheres com endometriose e dor
severa associada, no Hospital Universitário
Policlínico Umberto I, em Roma. A dor foi
avaliada por uma escala que mede a
intensidade de dor e o sofrimento
decorrentes dela na última semana. A
interocepção foi analisada por questionários
que medem a sensibilidade a sensações
internas e a capacidade de usar o corpo para
regular emoções negativas. Já os sintomas
depressivos foram avaliados por uma escala
que identifica níveis clinicamente
significativos de depressão. O aspecto mais
alarmante da pesquisa foi a constatação de
que quase metade das participantes
apresentava sintomas depressivos
clinicamente relevantes, número que supera
em muito a prevalência de depressão na
população geral. Em adição, a ocorrência de
depressão foi correlacionada com a
manifestação de hipervigilância ao
desconforto pélvico.
Esta pesquisa,
portanto, confirmou que a hipervigilância ao
desconforto pélvico está associada à maior
vulnerabilidade à depressão em mulheres com
endometriose. Esse achado ressalta a
importância de abordar tanto os sintomas
físicos quanto a saúde mental no tratamento
da doença. Futuras investigações
multidisciplinares podem aprofundar o
entendimento e aprimorar estratégias
terapêuticas integradas.
Referência:
SPINONI, Marta; PORPORA, Maria Grazia; MUZII,
Ludovico; GRANO, Caterina. Pain Severity and
Depressive Symptoms in Endometriosis
Patients: mediation of negative body
awareness and interoceptive self-regulation.
The Journal Of Pain, [S.L.], v. 25, n. 11,
p. 104640, nov. 2024. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jpain.2024.104640.
Escrito por Flavia Maria Silva Rodrigues
de Souza.
5. A corrida estruturada reduz a dor lombar crônica e melhora a funcionalidade
Pesquisadores australianos demonstraram, em estudo publicado em 2025, que um programa de corrida progressiva pode aliviar a dor em adultos com dor lombar crônica. Apesar da crença de que indivíduos com dor lombar não devem correr, essa recomendação não pode ser generalizada. Há subgrupos específicos de pacientes para os quais a corrida é contraindicada, mas é segura e benéfica para outros, quando devidamente orientada. Além de ser acessível, tem sido a atividade física mais praticada em todo o mundo.
O estudo foi conduzido com 40 participantes distribuídos entre um grupo controle e o grupo de treinamento de corrida, o qual realizou treinos três vezes por semana na comunidade e monitorados via aplicativo. A corrida era intercalada com caminhadas, aumentando progressivamente a intensidade, sempre acompanhada de orientações de um profissional por meio remoto. As avaliações da intensidade da dor lombar e a incapacidade funcional ocorreram com questionários aplicados antes e após 6 e 12 semanas da intervenção. Foram monitoradas a adesão ao programa, a usabilidade do aplicativo e a ocorrência de eventos adversos. O programa apresentou reduções discretas, mas significativas nos escores de dor e de incapacidade em comparação ao grupo controle, com alta taxa de adesão (2 de 3 sessões semanais em média), alta usabilidade do aplicativo e nenhum evento adverso grave.
O estudo demonstrou que um programa de corrida progressiva estruturado, acessível e com supervisão, constitui como uma estratégia viável e eficaz para subgrupos de pacientes com dor lombar crônica.
Referência: Neason C, Samanna CL, Tagliaferri SD, et al. Running is acceptable and efficacious in adults with non-specific chronic low back pain: the ASTEROID randomised controlled trial. Br J Sports Med. 2025;59(2):99-108. Published 2025 Jan 2. doi:10.1136/bjsports-2024-108245
Escrito por Sthefane Silva Santos.
6. A estimulação magnética com bobina H reduz a dor, ansiedade e depressão em pacientes com dor neuropática Um estudo
clínico realizado na Noruega em 2022
demonstrou, pela primeira vez, que a
estimulação magnética transcraniana
repetitiva (EMTr) com bobina H reduz a dor,
ansiedade e depressão em pacientes com dor
neuropática. A estimulação magnética
transcraniana é uma técnica não invasiva que
usa campos magnéticos para estimular ou
inibir áreas específicas do encéfalo,
produzindo efeitos terapêuticos. Essa
técnica é usada no tratamento da dor
crônica, entretanto, o melhor protocolo de
estimulação ainda não está estabelecido.
Nesse estudo, os pesquisadores investigaram
os efeitos de uma bobina não convencional,
denominada tipo H, que possui alcance mais
amplo e profundo no cérebro.
O estudo foi
realizado em 17 pacientes com dor
neuropática crônica divididos em dois
grupos. O grupo ativo recebeu a EMTr com a
bobina H no couro cabeludo (100 pulsos
magnéticos a 10 Hz) e o placebo recebeu o
tratamento simulado (aplicação do
equipamento com produção de campo elétrico
insignificante). Após pausa de 9 semanas, os
participantes trocaram de grupo e o
procedimento se repetiu. As avaliações
incluíram questionários e escalas que
avaliaram intensidade e sintomas da dor,
sintomas de ansiedade e depressão, que foram
aplicados antes e até 3 semanas após o fim
das sessões de EMTr. Duas semanas após o
tratamento, houve melhora em todos os
parâmetros de dor neuropática nos indivíduos
que receberam a EMTr ativa. Além disso,
houve redução importante nos sintomas
relacionados à ansiedade e depressão neste
grupo.
A EMTr com
bobina H reduz a intensidade da dor
neuropática, ansiedade e depressão. Apesar
do grupo amostral pequeno, o estudo indicou
que a EMTr com bobina H pode ser uma aliada
no controle da dor neuropática.
Referência:
Farnes N, Stubhaug A, Hansson P, Vambheim
SM. H-Coil Repetitive Transcranial Magnetic
Stimulation Relieves Pain and Symptoms of
Anxiety and Depression in Patients With
Chronic Peripheral Neuropathic Pain: A
Randomized Sham-Controlled Crossover Study.
Neuromodulation. 2024;27(8):1372-1382. doi:10.1016/j.neurom.2024.09.002 Escrito por Ana Carolina Teixeira de Araújo Prazeres.
7. Estudo identifica quem está tem mais risco de dor crônica após lesão cerebral traumática leve
Estudo israelense publicado em 2025 elaborou uma ferramenta capaz de prever, com 83% de exatidão, quais pacientes podem desenvolver dor crônica após lesão craniana leve pós-traumática. A lesão craniana está associada a outros sintomas, como dor crônica, tonturas, ansiedade e depressão que reduzem a qualidade de vida. Desta forma, pesquisas têm focado em estabelecer modelos prognósticos que possam prever o aparecimento dessas condições. A pesquisa, conduzida no Rambam Health Care Campus com 203 vítimas de acidentes de carro ou moto, demonstrou que dados clínicos, psicológicos e socioeconômicos coletados nas primeiras 72 horas após o trauma têm grande capacidade de previsão de desenvolvimento de dor crônica.
O estudo acompanhou os pacientes por 1 ano, realizando avaliações completas em três momentos: até 3 dias (fase subaguda), 6 meses e 1 ano após o trauma. A equipe coletou 21 parâmetros diferentes por meio de exames clínicos, exames de imagem, testes psicológicos e questionários, incluindo questionários de dor, ansiedade, estresse, escolaridade e renda. Um algoritmo foi utilizado para identificar quais variáveis foram mais influentes, sendo possível estabelecer dois modelos: um completo, com 21 parâmetros, e outro simplificado, com 10 parâmetros. Ambos apresentaram desempenho similar, com acurácia de 83% e sensibilidade de 92% para identificar casos de dor crônica. Entre os parâmetros avaliados, a presença de tontura, nível de educação, idade, número de áreas dolorosas e intensidade da dor foram os mais relevantes, enquanto sexo, presença de desorientação e catastrofização da dor foram menos influentes na capacidade preditiva deste modelo.
Os resultados obtidos sugerem que dados facilmente recolhidos nas primeiras 72 horas após a lesão cerebral traumática leve podem auxiliar na previsão de desenvolvimento de dor crônica. Esta abordagem permite a identificação precoce de indivíduos em maior risco, possibilitando a implementação de intervenções direcionadas. No entanto, mais estudos padronizados em grandes coortes são necessários para refinar o modelo para uso clínico generalizado.
Referências: Ramon-Gonen R, Granovsky Y, Shelly S. Predicting chronic post-traumatic head and neck pain: the role of bedside parameters. Pain. 2025;166(5):1050-1059. doi:10.1097/j.pain.0000000000003431
Escrito por Ana Carolina Lucchese Velozo.
8. Semaglutida reduz a neuropatia dolorosa em roedores pela redução da neuroinflamação
Um estudo
publicado em novembro de 2024, mostrou que a
semaglutida, agonista do receptor de GLP-1
usado no tratamento de diabetes e obesidade,
alivia a dor neuropática diabética ao inibir
processos neuroinflamatórios no sistema
nervoso central. A dor neuropática é um tipo
de dor crônica comum em indivíduos
diabéticos, bastante resistente aos
tratamentos disponíveis, de modo que novas
opções terapêuticas são necessárias. Nesse
trabalho, pesquisadores de Taiwan
investigaram os efeitos da semaglutida, em
doses equivalentes às usadas em humanos, em
um modelo de diabetes em ratos.
Os ratos foram
tratados com semaglutida em diferentes doses
durante quatro a oito semanas. Os parâmetros
avaliados foram a sensibilidade à dor usando
estímulos mecânicos e térmicos, glicemia,
hemoglobina glicada, níveis de marcadores
inflamatórios (IL-1β, IL-6 e TNF-α), e
ativação de células da glia (micróglia e
astrócitos) na medula espinal, como
indicativos de neuroinflamação. Como
esperado, a semaglutida reduziu a glicose,
hemoglobina glicada e produtos finais de
glicação avançada. Os resultados apontaram
ainda que a semaglutida reduziu o
comportamento de dor em até 65%, além de
reduzir os níveis de marcadores
inflamatórios e ativação de células da glia,
indicando efeito neuroprotetor.
O trabalho
mostrou que a semaglutida reduz a dor
neuropática diabética em condições
experimentais. Esse efeito pode decorrer da
redução da inflamação no sistema nervoso,
embora a redução da glicose no sangue também
possa contribuir. Estudos clínicos são
necessários para confirmar esses benefícios
em humanos, já que a pesquisa foi realizada
em ratos.
Referências:
Lee SO, Kuthati Y, Huang WH, Wong CS.
Semaglutide Ameliorates Diabetic Neuropathic
Pain by Inhibiting Neuroinflammation in the
Spinal Cord. Cells. 2024;13(22):1857.
Published 2024 Nov 8. doi:10.3390/cells13221857
Escrito por Dhara Leite Lopes.
9. O probiótico Lactobacillus acidophilus reduz a dor e a glicemia na neuropatia diabética experimental
Um estudo
realizado por pesquisadores brasileiros em
2025 demonstrou que o tratamento com a cepa
probiótica Lactobacillus acidophilus reduz a
dor, glicemia, neuroinflamação e estresse
oxidativo em modelo de neuropatia diabética
em camundongos. A modulação intestinal com
bactérias probióticas tem sido investigada
nos últimos anos com estratégia para reduzir
a dor crônica. A dor neuropática crônica é
uma das principais complicações do diabetes,
e não responde bem aos tratamentos
atualmente disponíveis. Por isso, o estudo
investigou se o uso contínuo de um
probiótico tem efeitos terapêuticos na
neuropatia diabética experimental.
No estudo foi
utilizado o modelo de neuropatia diabética
em camundongos, induzido por
estreptozotocina. A bactéria probiótica
Lactobacillus acidophilus foi administrada
por via oral durante 28 dias consecutivos.
Nesse período, foram avaliados os limiares
de dor e a glicemia. Ao final do
experimento, foram coletadas amostras de
medula espinal para análises complementares.
Os resultados demonstraram que houve uma
redução tanto da dor quanto da glicemia. No
grupo tratado com o probiótico houve redução
de mediadores inflamatórios e do estresse
oxidativo na medula, indicando que o
tratamento reduziu a neuroinflamação.
O tratamento
diário com o probiótico Lactobacillus
acidophilus reduz a dor neuropática e a
glicemia em modelo experimental,
possivelmente pela redução da inflamação e
do estresse oxidativo no sistema nervoso
central. Embora animadores, os resultados
ainda precisam ser confirmados em estudos
com seres humanos.
Referência:
Viana MDM, Santos SS, de Souza MS, et al.
Lactobacillus acidophilus LA85 reverses
experimental diabetic sensory neuropathy by
restoring redox homeostasis in the spinal
cord. Benef Microbes. Published online March
28, 2025:1-15. doi:10.1163/18762891-bja00069
Escrito por Sthefane Silva Santos.
10. Um estudo de neuroimagem mostra que a exposição a cenários naturais virtuais, reduz a dor e altera o modo como o cérebro processa seus sinais
Pesquisadores da Universidade de Viena, na Áustria, realizaram um estudo de neuroimagem para entender como a exposição à natureza afeta a percepção de dor aguda. O estudo, conduzido com 49 participantes saudáveis, revelou que assistir a cenários de natureza virtual, comparado a ambientes urbanos ou internos, diminui a dor percebida e a ativação de áreas cerebrais relacionadas à dor. Este achado sugere que a natureza pode ser uma ferramenta simples e não farmacológica para melhorar o controle da dor.
O estudo experimental utilizou ressonância magnética funcional enquanto os participantes recebiam choques elétricos controláveis para induzir dor. Eles foram expostos a ambientes virtuais de natureza, urbanos e internos, tanto visuais como sonoros. A equipe analisou o autorrelato da dor, como intensidade e desprazer, e padrões de ativação cerebral que indicam o processamento sensorial da dor. Os resultados mostraram que ambientes virtuais de natureza produziram uma redução na ativação de áreas cerebrais ligadas à sensação de dor, como o tálamo e a ínsula posterior, confirmando que cenários de natureza impactam o modo como o cérebro processa os sinais dolorosos, sem alterar áreas relacionadas ao processamento emocional.
A exposição à natureza virtual mostrou-se eficaz em reduzir a dor e alterar o processamento neural sensorial da dor. Este achado aponta que o ambiente pode influenciar o componente sensorial da dor e não apenas seus componentes afetivos e motivacionais. O estudo pode ter implicações práticas significativas, pois aponta uma opção não farmacológica acessível e segura para o manejo da dor aguda.
Referência: Steininger MO, White MP, Lengersdorff L, et al. Nature exposure induces analgesic effects by acting on nociception-related neural processing. Nat Commun. 2025;16(1):2037. Published 2025 Mar 13. doi:10.1038/s41467-025-56870-2
Escrito por Anna Beatriz Oliveira Cruz. |