|
Divulgação Científica
1. A abordagem multidisciplinar evita o abuso de medicamentos para dor crônica
Um grupo de
estudantes de Medicina de diversas
faculdades do Brasil, incluindo Minas
Gerais, Amazonas, Roraima e São Paulo,
conduziu uma revisão integrativa sobre a
terapia não medicamentosa para dor crônica,
em julho de 2023. A principal conclusão foi
que a abordagem multidisciplinar para o
tratamento de dor crônica diminui de forma
importante a procura por consultas para
tratar da queixa principal, além de diminuir
a demanda de medicamentos como analgésicos,
anti-inflamatórios e opioides. O artigo
também informa sobre a escassez das práticas
não farmacológicas na assistência à saúde
por falta de conhecimento por parte dos
profissionais. Portanto, o objetivo
principal do estudo foi demonstrar os
benefícios dessas práticas associadas ao
tratamento farmacológico.
As
palavras-chave utilizadas foram: “dor
crônica”, “integralidade em saúde” e
“fisioterapia/acupuntura”, e foram
selecionados os artigos mais relevantes
sobre o tema. O estudo contou com 5 artigos
sobre práticas terapêuticas, incluindo
acupuntura, fisioterapia convencional,
ventosaterapia, práticas integrativas e
complementares e educação em saúde. Os
estudos mostram que a fisioterapia promove o
relaxamento diminuindo a tensão muscular,
dessa forma, amenizando a dor. As práticas
de medicina tradicional chinesa também têm
sua eficácia devido a efetiva
desmedicalização de seus praticantes, e a
educação em saúde promove o autocuidado e
autonomia do paciente sobre sua qualidade de
vida, modificando o estilo de vida e
adotando hábitos mais saudáveis.
Esse artigo é
essencial para incentivar a prática
multidisciplinar no tratamento de dor
crônica no âmbito brasileiro, visto que sua
abordagem associada a intervenções
medicamentosas pode ter uma eficácia
notável. O estudo também motiva outras
pesquisas na área que busquem divulgar os
benefícios, especialmente para os
profissionais da saúde, para melhorar a
assistência à saúde para os pacientes com
dor crônica.
Referências:
Lima, C. S. de A., R. A. Dutra Neto, G. L.
de S. Gonzalez, G. de O. Aranha, C. de H.
Pereira, A. J. T. Leonel, M. R. Passos, L.
G. Barbosa, J. Ágata C. Barbosa, A. M. da S.
Gonzaga, J. C. Araujo, L. E. Suarez Neto, B.
X. R. de Oliveira, E. A. da C. Melegaro, M.
M. Silva, and M. F. de Oliveira.
“Terapêutica não Medicamentosa Para Dor
crônica: Revisão Integrativa”. Brazilian
Journal of Health Review, vol. 6, no. 4, Aug.
2023, pp. 16729-3, doi:10.34119/bjhrv6n4-209.
Alerta
submetido em 03/11/2023 e aceito em
17/11/2023.
Escrito por
Maria Clara Alexandroni Cordova de Sousa.
2. Dispositivo de estimulação elétrica reduz a dor e o consumo de analgésicos no pós-operatório de cesáreas
A aplicação pós-operatória de um dispositivo
de estimulação elétrica de alta frequência
após partos cesáreos resultou em grande
redução no consumo de analgésicos potentes
durante a internação e após alta hospitalar.
Este ensaio clínico foi conduzido entre 2022
e 2023 em um centro médico acadêmico em
Ohio, Estados Unidos, e destaca o potencial
do dispositivo como parte de um protocolo
analgésico multimodal, oferecendo alívio
complementar da dor pós-operatória para
puérperas.
O estudo envolveu 134 participantes
distribuídos em dois grupos. O grupo
experimental recebeu três aplicações de
estimulação elétrica de alta frequência com
duração de 12 minutos nas primeiras 20 a 30
horas pós-operatórias, abrangendo diferentes
pontos da incisão cirúrgica. O grupo placebo
utilizou dispositivos simulados de aparência
idêntica, mas sem estimulação. Foram
avaliados a ingestão total de medicamentos
opioides até o momento da alta, e durante as
visitas de acompanhamento foram coletadas
informações sobre a intensidade da dor e
prescrições adicionais de analgésicos. Os
resultados mostraram que no grupo que
recebeu a estimulação elétrica houve uma
redução de 47% no consumo de analgésicos
opioides durante a internação, e apenas 10%
desses pacientes receberam prescrições de
analgésicos na alta hospitalar em comparação
com 25% das pacientes do grupo placebo.
O estudo indica que a aplicação local de
estimulação elétrica de alta frequência é
promissora na redução da dor e consumo de
analgésicos no período pós-cesárea. No
entanto, devido ao efeito placebo, a
quantidade de analgésicos no grupo controle
foi menor do que o esperado, destacando a
importância de futuras pesquisas para
validar e generalizar os resultados obtidos.
Referência: Grasch JL, Costantine MM, Mast
DDD, et al. Noninvasive Bioelectronic
Treatment of Postcesarean Pain: A Randomized
Clinical Trial. JAMA Netw Open.
2023;6(10):e2338188. Published 2023 Oct 2.
doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.38188
Alerta
submetido em 02/12/2023 e aceito em
05/12/2023. Escrito por Anna Beatriz Oliveira Cruz.
3. Combinação de intervenções digitais ajuda na recuperação de pacientes submetidos a cirurgia de joelho
A tecnologia está a serviço da resolução da
dor: é o que foi demonstrado em um estudo
clínico realizado em 2020 com pacientes de 3
hospitais de reabilitação de Sydney,
Austrália. Neste estudo, pesquisadores
australianos criaram um “pacote de
tecnologias digitais” que auxilia os
pacientes na adesão ao programa de
reabilitação. A utilização dessa tecnologia
ajudou na recuperação e levou à diminuição
da dor de pacientes submetidos a uma
cirurgia de joelho (artroplastia). Após a
cirurgia, a reabilitação é uma etapa crucial
da recuperação e é essencial para a redução
da dor. Por isso, os pesquisadores avaliaram
intervenções que pudessem otimizar este
processo.
O pacote de intervenções digitais
desenvolvido incluiu: 1. Um programa de
exercícios desenvolvidos por fisioterapeutas
e cirurgiões fornecido por meio de um
aplicativo; 2. Treinamento de saúde remoto
por videochamada com um fisioterapeuta,
quinzenalmente durante 3 meses; e 3. Um
monitor de atividades (smartwatch/smartband)
com lembretes para se movimentar e metas,
como contagem de passos, número de horas em
atividade e horas de sono. Os benefícios
deste “pacote digital” em comparação com o
tratamento convencional foram observados
desde o começo, mas a maior redução na
intensidade da dor ocorreu 12 meses após o
início do estudo. Além disso, os pacientes
também apresentaram melhoria nas avaliações
de qualidade de vida, comportamento
sedentário e incapacidade causada pela dor.
Segundo os pesquisadores, os motivos para
esta melhora em relação ao tratamento
convencional podem incluir o apoio contínuo
dos profissionais de saúde por videochamada
e o automonitoramento com metas e lembretes.
Este estudo demonstrou que o uso de
intervenções digitais combinadas ajuda no
cuidado dos pacientes proporcionando uma
melhor recuperação após a cirurgia de
joelho. Este é um achado interessante,
especialmente ao se considerar a expansão
das modalidades de atendimento remoto. A
tecnologia, cada vez mais presente no nosso
dia a dia, agora pode auxiliar no alívio da
dor.
Referências: Duong V, Robbins SR, Dennis S,
Venkatesha V, Ferreira ML, Hunter DJ.
Combined Digital Interventions for Pain
Reduction in Patients Undergoing Knee
Replacement: A Randomized Clinical Trial.
JAMA Netw Open. 2023;6(9):e2333172.
Published 2023 Sep 5. Doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.33172
Alerta
submetido em 01/12/2023 e aceito em
05/12/2023.
Escrito por Luiza Carolina França
Opretzka.
4. Reike e massagem nas mãos podem aliviar a dor e a fadiga em pacientes com artrite reumatoide
Níveis de dor
e fadiga diminuem em pacientes com artrite
reumatoide (AR) após intervenções com Reiki
e massagem nas mãos. Esta foi a constatação
de um estudo clínico randomizado,
controlado, conduzido entre julho de 2020 e
dezembro de 2021, por pesquisadores de
universidades turcas. O estudo teve o
objetivo de avaliar possíveis efeitos
terapêuticos do Reiki e da massagem nas
mãos, na dor e fadiga de pacientes com AR,
uma condição de difícil controle.
Os 105
participantes do estudo foram separados em
três grupos: 35 no grupo Reiki, 37 no grupo
massagem nas mãos e 33 no grupo controle
(sem intervenção). No grupo Reike, para cada
paciente foram realizadas 6 sessões de 30
minutos de Reiki, conduzida por um
especialista em prática de Reiki. No grupo
massagem nas mãos, cada paciente recebeu 6
sessões de 15 minutos de massagem nas mãos.
Foram realizadas duas avaliações durante o
estudo que incluíram um formulário de
informações pessoais, Escala Visual
Analógica para intensidade de dor e Escala
de Fadiga de Piper. Os resultados mostraram
que a intensidade da dor e da fadiga dos
pacientes diminuiu tanto no grupo Reiki
quanto no grupo massagem nas mãos, em
relação ao grupo sem intervenção. Apesar de
ambas as intervenções terem atenuado a dor e
a fadiga, o Reiki mostrou-se mais eficaz na
redução dos escores de dor e fadiga em
comparação à massagem das mãos.
Portanto, o
estudo aponta que essas intervenções são
alternativas eficazes no controle da dor e
fadiga de pacientes com artrite reumatoide.
É importante destacar que o Reike é
reconhecido pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) como prática em saúde, e
disponível no Sistema Único de Saúde (SUS),
aqui no Brasil.
Referência:
ASLAN, Kevser SevgiÜnal; ÇETINKAYA, Funda.
The effects of Reiki and hand massage on
pain and fatigue in patients with rheumatoid
arthritis. EXPLORE, v. 19, n. 2, p. 251-255,
2023.
Alerta
submetido em 01/12/2023 e aceito em
03/12/2023.
Escrito por Karoline Cristina Jatobá da
Silva.
5. Estados da dor aguda e crônica considerando o seu impacto
O estudo busca
caracterizar a dor por meio de dois
diferentes aspectos, a duração (aguda ou
crônica) e a intensidade (alto e baixo
impacto). Essa nova análise, por sua vez,
propõe cinco diferentes estados de dor e dez
possíveis transições. Foi sistematizada pelo
programa de pesquisa do Reino Unido, fundado
pela Advanced Pain Discovery Platform, em
outubro de 2023. A redefinição do conceito
de dor pode permitir uma compreensão
considerando o aspecto biopsicossocial.
A simples
dicotomia aguda-crônica da dor é vista como
limitante, visto que existem divergências
acerca da aplicação do conceito e da
progressão da dor entre profissionais e
pesquisadores da área da saúde. Este estudo
teórico revisou as bases de dados ALSPAC,
ELSA, BIOBANK, HWW, e HEAF, permitindo a
associação entre duração e impacto da dor e
a avaliação em novas categorias. Esta
experiência sensorial-emocional é
reconhecida como um processo dinâmico e
contínuo. Nenhuma tecnologia ou método de
medição específico foram prescritos para
determinar as dimensões da dor.
O estudo expõe
novos referenciais e busca a compreensão da
dor por completo. Dessa maneira, esta
estruturação com foco no indivíduo apresenta
o potencial de direcionar a seleção de
intervenções na tentativa de evitar
limitações da dor.
Referência:
Eccleston C, Begley E, Birkinshaw H, et al.
The establishment, maintenance, and
adaptation of high- and low-impact chronic
pain: a framework for biopsychosocial pain
research. Pain. 2023;164(10):2143-2147. doi:10.1097/j.pain.0000000000002951
Alerta submetido em 25/09/2023 e aceito em
31/10/2023.
Escrito por Ana Falkenberg Marques, Luísa
Araújo Fonseca e Luísa John Schoffen.
6. Qualidade do sono em pessoas com insônia e dor crônica Um estudo
realizado em Hospitais Universitários da
Bélgica coletou dados e comparou as
informações de autorrelato com os resultados
de dois exames sobre a qualidade de sono. Os
123 participantes com dor crônica não
especificada com insônia, realizaram o
Índice de Qualidade de Sono Pittsburgh,
perguntas como “demorou mais que 30 min para
adormecer?” foram confrontadas com as
respostas da polissonografia (PSG) e da
actigrafia. Ao analisar a latência para
início do sono (SOL), tempo de total de sono
(TST), tempo na cama (TIB) e eficiência do
sono (SE), foi verificado subestimação e
superestimação em alguns dados. Nesse
sentido, os exames foram fundamentais para
verificar de forma específica, uma vez que o
descanso faz parte da saúde e do bem-estar
do indivíduo, podendo ser um importante
intensificador da dor.
O estudo
transversal realizou análise comparativa
através dos dados dos exames de actigrafia
(monitorado por 4 semanas) e PSG (por uma
noite), como meios de verificar as
informações de forma mais objetiva. Por
exemplo, houve uma subestimação, ou seja,
uma desvalorização, do relato de TST (377)
em relação ao tempo fornecido pela PSG, que
foi de 429, o que indica que os
participantes tinham uma sensação de que o
sono durava menos do que realmente era. Essa
disparidade pode ser explicada pela sensação
dos pacientes não terem tido um sono
restaurador, seguido por um dia acompanhado
de fadiga. E uma das superestimações
ocorridas foi entre o TIB (495) que foi mais
duradouro do que a realidade coletada na
polissonografia (482). Esses resultados
revelam que a percepção e realidade da
qualidade do sono podem ser bem diferentes
nesses pacientes.
Referência:
Bilterys T, Van Looveren E, Malfliet A, Nijs
J, Meeus M, Danneels L, Ickmans K, Cagnie B,
Goubert D, Moens M, De Baets L, Munneke W,
Mairesse O. Relationship, differences, and
agreement between objective and subjective
sleep measures in chronic spinal pain
patients with comorbid insomnia: a
cross-sectional study. Pain. 2023 Sep
1;164(9):2016-2028. doi: 10.1097/j.pain.0000000000002901.
Epub 2023 Apr 6. PMID: 37027148.
Alerta
submetido em 03/11/2023 e aceito em
10/11/2023. Escrito por Aline Frota Brito.
7. Sensibilização central na dor neuropática e qualidade do sono
Os marcadores substitutos autorrelatados “alodinia” e “hiperalgesia térmica” sugerem um possível impacto da sensibilização central na perturbação do sono de pacientes com dor neuropática. Diversos estudos já têm demonstrado que tanto pacientes com dor crônica como pacientes com dor neuropática têm comprometimento na qualidade do sono, de forma que aqueles com dor neuropática tem um prejuízo mais acentuado. Dessa forma, um estudo desenvolvido na Alemanha apresentou como objetivo avaliar a co-ocorrência de sinais sensoriais e diversos aspectos da qualidade do sono, além de buscar destacar sintomas característicos de sensibilização central, como alodinia mecânica e hiperalgesia, com perturbação do sono em pacientes com dor neuropática.
Realizou-se estudo transversal a partir de dados coletados do Software PainDetect, um banco de dados alemão utilizado em centros ambulatoriais de atenção primária para o levantamento clínico e epidemiológico de pacientes com dor crônica. A amostra do estudo foi composta por pacientes com diagnóstico de “polineuropatia diabética dolorosa” (n°=1340), “neuralgia pós-herpética” (n°=2593), ou “síndrome de dor regional complexa” (n°=1316) exportados da base de dados central entre abril de 2006 e julho de 2013, contabilizando uma amostra total de 3.339 participantes.
Foram avaliados dados demográficos (idade, sexo e índice de massa corporal) e clínicos (duração da dor, medicação para dor [sim/não], solicitação de pensão e internação por causa da doença dolorosa. Também foram utilizados questionários validados para avaliar a intensidade da dor, qualidade da dor (PD-Q12), qualidade do sono (Escala de Sono do Medical Outcomes Study [MOS]) e comorbidades como a depressão (PHQ-9). O questionário PD-Q é composto por 3 componentes: intensidade geral da dor, padrão de evolução da dor e por 7 perguntas relacionadas aos sintomas típicos de dor neuropática (queimação, formigamento, alodinia mecânica dinâmica, ataques de dor, hiperalgesia térmica, dormência e dor evocada por pressão).
O estudo evidenciou que os mecanismos de sensibilização central, demonstrados através de marcadores substitutos autorrelatados, têm um impacto negativo na qualidade do sono. Outros resultados obtidos demonstraram que houve uma correlação significativa da intensidade dos sintomas de dor neuropática com problemas no comportamento do sono. Além da associação mais forte com a qualidade do sono em todas as análises foi detectada para o item “depressão”, resultado já esperado, uma vez que o distúrbio do sono é um sintoma clínico característico dentro dos critérios do DSM-V para transtornos depressivos.
Referência: Sachau, Julianea; Kersebaum, Dilaraa; Hüllemann, Philippa; Adolf, Danielac; Kabelitz, Mariac; Keller, Thomasc; Freynhagen, Rainerd; Tölle, Thomas R.e; Binder, Andreasa; Baron, Ralfa. The association of self-reported symptoms of central sensitization and sleep disturbances in neuropathic pain. PAIN Reports 8(5):p.1098, September 2023. | DOI: 10.1097/PR9.0000000000001098
Alerta
submetido em 03/11/2023 e aceito em 05/12/2023.
Escrito por Milena Dias Oliveira.
8. Reação autoimune da fibromialgia
Pesquisadores
da McGill University realizaram um estudo
acerca da patologia da fibromialgia. Foi
analisada a frequência da presença de
anticorpos imunoglobulina G (IgG)
anti-células gliais satélite e sua relação
com a gravidade da fibromialgia. Foi
descoberto que as imunoglobulinas G de
pacientes com fibromialgia reagem com as
células gliais satélites com frequência,
indicando um dos mecanismos patológicos da
doença a partir do acúmulo dessas células
nos gânglios das raízes dorsais.
Nesse estudo a
atuação da IgG, autoanticorpo reagente com
células gliais satélites, foi analisada de
diversas maneiras. Primeiro seu efeito foi
testado utilizando IgG de pacientes com
fibromialgia em roedores. Observou-se o
desenvolvimento de sensibilização
nociceptiva nos roedores, característica da
fibromialgia. A partir disso, foram
analisadas as interações da IgG com as
células gliais satélite (CGS) in vivo, in
vitro e em tecido humano de gânglios das
raízes dorsais. As CGSs envolvem o corpo
celular dos neurônios sensoriais, sendo
fundamentais na nocicepção, dores
neuropáticas e dores inflamatórias. Além de
comparar essa interação com células de
indivíduos saudáveis para o grupo controle,
também foi feita a análise com células de
indivíduos com osteoartrite para verificar
se a interação entre IgG e CGS seria
específica da fibromialgia ou generalizada
para condições de dor crônica. O resultado
foi de que essa ação de autoanticorpo é
específica da fibromialgia.
Diante disso,
o estudo aponta que para uma melhor
abordagem da fibromialgia, futuros estudos
precisarão identificar se há relação entre a
reação autoimune envolvendo IgG e CGSs de
pacientes com fibromialgia e a gravidade das
manifestações da doença.
Referência:
Krock E, Morado-Urbina CE, Menezes J, et al.
Fibromyalgia patients with elevated levels
of anti-satellite glia cell immunoglobulin G
antibodies present with more severe symptoms.
Pain. 2023;164(8):1828-1840. doi:10.1097/j.pain.0000000000002881
Alerta
submetido em 06/10/2023 e aceito em 03/11/2023.
Escrito por Gustavo Lee Minari.
9. Papanicolau modificado gera alívio da dor
Ensaio clínico
randomizado, realizado por pesquisadores da
Universidade de Taiwan, buscou atenuar dor
recordatória no exame de Papanicolau. O
estudo foi conduzido entre os meses de maio
a dezembro de 2020, em mulheres de 30 e 70
anos no Centro de Triagem de Câncer do
Hospital da Universidade Nacional de Taiwan.
O objetivo foi modificar o exame de
Papanicolau, adicionando uma etapa não
dolorosa ao final do exame, a qual consistiu
em fixar um espéculo por 15 segundos após a
coleta, as participantes do grupo controle
foram submetidas ao Papanicolau tradicional.
Para a medição
da dor durante e após o exame, as mulheres
receberam escalas visuais analógicas (EVA)
de 0 a 10 e escalas numéricas de 1 a 5. As
participantes foram orientadas a avaliar sua
dor a cada 5 segundos, por meio de um
aplicativo desenvolvido pela equipe de
pesquisa responsável pelo estudo. A EVA foi
utilizada em momento posterior para predizer
dor recordatória até 1 ano após o exame.
Como
resultado, notou-se que o grupo que recebeu
o Papanicolau modificado relatou menos dor
recordatória em 1 ano, e demonstrou maior
disposição para receber o teste novamente
que o grupo que foi submetido ao Papanicolau
tradicional.
Referência:
Yen HK, Cheng SY, Chiu KN, Huang CC, Yu JY,
Chiang CH; NTUH Pap Study Group. Adding a
nonpainful end to reduce pain recollection
of Pap smear screening: a randomized
controlled trial. Pain. 2023 Aug
1;164(8):1709-1717. doi: 10.1097/j.pain.0000000000002897.
Epub 2023 Apr 12. PMID: 37043729.
Alerta submetido em 06/10/2023 e aceito
em 03/11/2023.
Escrito por Victoria Rodrigues de Sousa
dos Santos.
10. A psicoterapia baseada na aceitação melhora a resposta ao tratamento em pacientes com fibromialgia e obesidade
Um estudo
envolvendo 180 mulheres com fibromialgia e
obesidade comórbida, mostrou que a
psicoterapia baseada na aceitação melhora o
funcionamento físico e a cinesiofobia (medo
de movimento), embora não reduza a
intensidade da dor. Conduzido no
Departamento de Recuperação e Reabilitação
Osteoarticular em Piancavallo, Itália, o
estudo implementou um protocolo de
reabilitação multidisciplinar de 4 semanas,
incluindo nutrição, atividade física
supervisionada e fisioterapia. As pacientes
foram divididas em dois grupos: um grupo com
reabilitação usual e outro com a inclusão de
um protocolo de psicoterapia baseado na
aceitação da dor.
A psicoterapia
envolveu três sessões de grupo semanais,
lideradas por psicólogos, em que o foco
central foi mudar a perspectiva da busca
pela eliminação da dor para a promoção de
uma vida plena, mesmo diante da dor crônica.
Os resultados revelaram redução na
catastrofização e na cinesiofobia, além de
melhoria no funcionamento físico para o
grupo que recebeu o protocolo de aceitação.
Importante destacar que essas melhorias
ocorreram sem redução na intensidade
percebida da dor, alinhando-se ao propósito
da intervenção de promover a aceitação da
dor, em vez de reduzi-la.
A psicoterapia
baseada na aceitação trouxe benefícios
psicológicos e no funcionamento físico,
embora não tenha reduzido a intensidade da
dor. Tais melhorias podem incentivar um
estilo de vida mais ativo e uma melhor
adesão às recomendações de atividade física,
proporcionando benefícios adicionais para
pacientes com fibromialgia e obesidade.
Referência:
Varallo G, Cattivelli R, Giusti EM, et al.
The efficacy of a brief acceptance-based
group intervention in a sample of female
patients with fibromyalgia and comorbid
obesity: a randomised controlled trial. Clin
Exp Rheumatol. 2023;41(6):1332-1341. doi:10.55563/clinexprheumatol/7hvaya
Alerta submetido em 01/12/2023 e aceito
em 05/12/2023.
Escrito por Anna Beatriz Oliveira Cruz.
|