DOL - Dor On Line

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP

Universidade de Brasília - Campus de Ceilândia
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - USP
Faculdade de Farmácia - Universidade Federal da Bahia

Principal    |    Editoriais    |    Edições    |    Sobre a Dor    |    Glossário    |    Projeto DOL    |    Publicações    |    Contato

   
 

Edição de Setembro de 2025 - Ano 26 - Número 302

 

 

Divulgação Científica

 

1. Atividade física em indivíduos com dor crônica

Pesquisadores da Universidade de Dundee, Reino Unido, realizaram uma revisão sistemática em 2024 para identificar os facilitadores e barreiras para a prática de exercícios em adultos com dor crônica. O estudo utilizou o modelo COM-B (capacidade, oportunidade e motivação) para categorizar as influências no comportamento, evidenciando fatores modificáveis que podem orientar futuras intervenções. Apesar dos benefícios comprovados da atividade física, como alívio da dor, regeneração nervosa periférica e melhora da qualidade de vida, a adesão entre pacientes com dor crônica ainda é baixa. A pesquisa destaca a necessidade de estratégias mais eficazes para superar desafios físicos, emocionais e sociais no manejo da dor crônica.

A revisão foi composta por 40 estudos com 2.376 participantes, representando diversas condições de dor crônica, como dor lombar, osteoartrite e fibromialgia. Entre as barreiras mais frequentes, destacam-se o medo de piorar a dor, a falta de tempo, recursos financeiros, apoio social insuficiente tanto de familiares como de profissionais de saúde, acesso limitado a espaços adequados e o desconhecimento sobre os benefícios da atividade física. Por outro lado, o suporte de familiares e amigos, melhoria no bem-estar mental, desejo de evitar medicamentos, a presença de profissionais de saúde bem-preparados e programas personalizados de exercícios foram apontados como facilitadores para estimular a adesão.

Portanto, o estudo conclui que a prática de atividade física em pessoas com dor crônica pode ser incentivada por intervenções centradas na pessoa, programas personalizados e suporte social adequado. Reforçando a importância de estratégias colaborativas para superar barreiras individuais e sociais, promovendo maior adesão à atividade física e, consequentemente, melhorando a qualidade de vida dessa população.

Referências: Leese C, Gupte D, Christogianni A, et al. Barriers and facilitators for physical activity in people living with chronic pain: a systematic review and combined analysis. Pain. 2024;165(12):2721-2732. doi:10.1097/j.pain.0000000000003314

Escrito por Roberto Junior Rodrigues de Jesus.

 

2. A importância da atenção primária no manejo da dor crônica
A atenção primária à saúde exerce uma função estratégica no manejo da dor crônica, devido à sua acessibilidade e continuidade do cuidado, possibilitando a identificação precoce. Além de uma abordagem integrada de comorbidades e fatores biopsicossociais que podem precipitar ou exacerbar esse sintoma. Pesquisadores brasileiros do Centro Universitário Municipal de Franca, investigaram conceitos e abordagens médicas para a terapêutica de pacientes que possuem dores crônicas e podem ser cuidados na atenção básica. Esse estudo tem como objetivo compilar informações e investigar as abordagens disponíveis para profissionais da saúde pública. A proximidade entre o profissional de saúde da atenção primária à comunidade é fundamental para o manejo da dor crônica de forma integral. Esse estudo é importante, pois o devido acolhimento nesse serviço pode evitar a piora da qualidade de vida e desamparo do usuário.

Essa revisão bibliográfica buscou textos publicados em bibliotecas virtuais como NCBI, Lilacs e Scielo. Foram também utilizados materiais contidos em livros textos que guiam a prática médica, incluindo literaturas de semiologia, clínica médica e medicina de família e comunidade. Uma limitação abordada pelo artigo é a escassez de informações atualizadas disponíveis na literatura atual sobre as abordagens para atualização dos profissionais do SUS.

Referência: Sertório, DM; Tomita, BF; Calábria, BA; Perez, MV; Kurihara, ACZS; Hungaro, TA. Dor crônica na atenção primária à saúde: uma revisão da literatura. Revista Brasileira de Revisão de Saúde 7 (5), p 01-11, setembro de 2024. | DOI: 10.34119/bjhrv7n5-008.

Escrito por Emanuelle Lorraine Nolêto das Neves.

 

3. O papel do microbioma no controle da sensibilidade à dor crônica

Uma revisão de literatura científica analisou como o microbioma pode influenciar na dor crônica, utilizando artigos de pesquisas originais e experimentos pré-clínicos. Os pesquisadores observaram que a disbiose, um desequilíbrio nas situações microbianas, pode estar associada a diversas condições de dor crônica, como síndrome do intestino irritável e doenças inflamatórias. As descobertas reforçam que o microbioma desempenha um papel significativo na modulação da dor, abrindo caminho para novas abordagens terapêuticas baseadas na manipulação da microbiota.

A pesquisa incluiu 97 artigos e 303 experimentos, destacando a necessidade de aprofundar a compreensão dessa relação complexa. A revisão destacou três abordagens principais: probióticos (especialmente Lactobacillus e Bifidobacterium), que reduziram a dor visceral e inflamatória; antibióticos, que aumentaram a sensibilidade à dor em animais saudáveis, mas tiveram efeitos analgésicos em modelos de lesão; e transplante de microbiota fecal (TMF), em que transferiu características de dor entre animais, sugerindo um papel causal do microbioma. Modelos experimentais em animais livres de germes permitiram avaliar o papel dos microrganismos na modulação da dor, indicando que a microbiota pode influenciar a resposta neuroimune e os mecanismos de sensibilização central.

Estratégias como o uso de probióticos e transplantes fecais mostram potencial uso na dor, mas ainda são necessários estudos clínicos para validar essas intervenções em humanos. A pesquisa destaca a necessidade de metodologias padronizadas e abordagens interdisciplinares para traduzir esses achados em aplicações médicas eficazes.

Referências: Pratt ML, Plumb AN, Manjrekar A, et al. Microbiome contributions to pain: a review of the preclinical literature. Pain. 2025;166(2):262-281. doi:10.1097/j.pain.0000000000003376

Escrito por Larissa Souza França.

 

4. Estudo revela conexão entre endometriose, percepção corporal e depressão

O apoio social afeta significativamente pessoas que usam opioides em decorrência de dores prolongadas e desenvolvem transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Pesquisadores de algumas universidades nos Estados Unidos fizeram um estudo de Coorte, onde foi analisado se a dor seria menor em pacientes que tinham apoio social quando comparados a pacientes que não tinham. O estudo destaca que pessoas que não têm apoio social e são acometidas por dores crônicas são mais passíveis de usarem mais opioides e, em decorrência disso, desenvolverem TEPT. Quando comparado com pessoas que têm apoio social, é visto que essas pessoas com apoio social sentem menos dores e, por consequência, usam menos opioides.

A pesquisa foi realizada com início em novembro de 2019 e terminou em novembro de 2023, 852 participantes concluíram a pesquisa e 808 foram elegíveis para o estudo.

A pesquisa seguiu o modelo de estudo de coorte prospectivo com avaliações de acordo com as linhas de bases. Os pacientes foram recrutados a partir de 2 sistemas de saúde, todos tinham acima de 18 anos e não poderiam ter nenhuma dor relacionada ao câncer, dentre todos os pacientes foi analisado que 17,2% tinham provável TEPT. O TEPT foi significativamente associado a um maior uso de opioides e pessoas com mais locais de dor e que consumiam mais opioides foram associados com um menor aporte emocional.

Referência: Sullivan MD, Wilson L, Amick M, et al. Social support and the association between post-traumatic stress disorder and risk for long-term prescription opioid use. Pain. 2024;165(10):2379-2386. doi:10.1097/j.pain.0000000000003286

Escrito por Luana Júlia Faria Gonçalves.

 

5. Dor, o que preciso saber?

Pacientes com dor aguda necessitam de informações claras sobre a intensidade e duração da dor, bem como sobre o uso de medicamentos e seus efeitos adversos. Essa foi a principal descoberta de uma revisão sistemática realizada por pesquisadores do Canadá. A pesquisa revelou barreiras significativas no manejo dessa condição, destacando a importância de intervenções educacionais para o manejo da dor. Os achados reforçam a necessidade de uma abordagem educacional centrada no paciente, alinhada às preferências individuais e à comunicação eficaz com profissionais de saúde. Contudo, há limitações na pesquisa.

A revisão sistemática analisou 69.165 estudos iniciais. Os pesquisadores aplicaram rigorosos critérios de inclusão, resultando em 32 estudos que atenderam aos requisitos da revisão. A metodologia envolveu a análise de dados quantitativos e qualitativos para identificar temas e subtemas relacionados às necessidades educacionais. Dois revisores independentes conduziram a codificação e agruparam os dados, garantindo consistência da revisão. Um terceiro revisor foi acionado para resolver discordâncias. Os estudos selecionados foram majoritariamente conduzidos entre 2010 e 2023, em populações da Europa, Canadá e Estados Unidos.

Estudos futuros devem validar os resultados em populações diversas para ampliar a aplicação das intervenções e promover um cuidado mais abrangente.

Referências: Bérubé M, Verret M, Bourque L, Côté C, Guénette L, Richard-Denis A, Ouellet S, Singer LN, Gauthier L, Gagnon MP, Gagnon MA, Martorella G. Educational needs and preferences of adult patients with acute pain: a mixed-methods systematic review. Pain. 2024 Dec 1;165(12):e162-e183. doi: 10.1097/j.pain.0000000000003288. Epub 2024 Jun 18. PMID: 38888742; PMCID: PMC11562761.

Escrito por Isabela Ribeiro de Azevedo.

 

 

Ciência e Tecnologia

 

 

6. A acupuntura é um promissor tratamento da dor crônica
A acupuntura é um modulador significante de processos epigenéticos envolvidos no gerenciamento da dor neuropática. Pesquisadores coreanos realizaram uma pesquisa em formato de revisão em 2024, a fim de consolidar estudos existentes sobre processos bioquímicos do DNA relacionados com a analgesia da acupuntura. Assim, este estudo se faz essencial, visto que a dor crônica possui uma complexa fisiopatologia, o que explica o difícil tratamento. Dessa forma, a acupuntura, como prática integrativa em saúde, torna-se uma alternativa promissora de abordagem e manejo clínico da dor.

O principal fator analisado durante a revisão foi a metilação do DNA na dor crônica. A metilação é composta de uma séria de reações bioquímicas e está envolvida em oncologia, doenças neurológicas, estados patológicos de expressão gênica e atividade anormal no sistema nervoso. Dessa forma, os resultados dos estudos analisaram que a reação contínua de certas enzimas é importante na manutenção da dor. Nesse contexto, a acupuntura provoca modificações estruturais e fisiológicas significativas no sistema nervoso central. Além disso, alguns estudos verificados sugerem a atuação da acupuntura no nível genômico, propulsionando os padrões de metilação do DNA, aumentando a expressão de algumas moléculas e, assim, regulando a dor crônica por meio das redes neurais.

Estudos pré-clínicos demonstraram a eficácia da acupuntura no alívio da depressão, ansiedade e comprometimento cognitivo associados à dor neuropática. Como principal achado, esta prática integrativa em saúde possui um potencial papel na regulação da rede neural, com ação ansiolítica, analgésica e de aprimoração cognitiva. Portanto, esta revisão é essencial para ressaltar a relação entre a metilação do DNA, a dor neuropática e os efeitos modulatórios da acupuntura, oferecendo novas estratégias de gerenciamento da dor. Entretanto, mais pesquisas são necessárias para elucidar os mecanismos abordados e explorar o potencial das práticas integrativas em saúde no gerenciamento da dor crônica.

Referências: Jang JH, Lee YJ, Ha IH, Park HJ. The analgesic effect of acupuncture in neuropathic pain: regulatory mechanisms of DNA methylation in the brain. Pain Rep. 2024;9(6):e1200. Published 2024 Oct 23. doi:10.1097/PR9.0000000000001200

Escrito por Giovanna Aparecida Carvalho de Jesus.

 

7. O estresse no trabalho influencia na dor lombar crônica

Um estudo longitudinal brasileiro, feito ao longo de 4 anos, indica que a dor lombar crônica tem aumento de sua incidência, número de episódios e de sua gravidade pela exposição ao estresse laboral. A amostra foi composta por 1733 participantes entre 39 e 78 anos, em atividades laborais e sem dor lombar crônica no recrutamento. Coletou-se os dados da linha de base entre 2012 e 2014, com 3 entrevistas anuais por telefone entre 2015 e 2018. Observa-se que a pesquisa busca elucidar o papel do estresse no trabalho em aspectos da lombalgia crônica.

Nos telefonemas, coletaram informações, como se nos últimos 30 dias a pessoa apresentou lombalgia. Em caso positivo, pedia-se para caracterizar a intensidade, incapacidade e cronicidade álgica. O estresse ocupacional foi avaliado a partir do modelo de questionário “The effort–reward imbalance” (ERI), com 6 itens sobre esforço, 10 sobre gratificações e 6 sobre comprometimento em excesso. Também verificaram variáveis sociodemográficas (idade, sexo, raça/cor, nível de escolaridade), características do trabalho e seu turno. Os resultados da ausência ou presença, e características da lombalgia e o desequilíbrio entre a satisfação e esforço foram ajustados conforme as variáveis sociodemográficas e ocupacionais, por meio da regressão logística multimodal e de Poisson.

Percebe-se que o estresse no trabalho pode influenciar no aumento de vários aspectos da lombalgia crônica. É importante frisar que uma das limitações do estudo foi a amostra ser composta por servidores públicos de instituições de ensino e pesquisa, não representando a população como um todo nas questões socioeconômicas. Porém, como pontos positivos, o material apresenta uma ampla amostra, trabalhadores em variados cargos e um acompanhamento ao longo de 4 anos.

Solicitamos não modificar este formulário.

Referência: Hubner FCL, Telles RW, Giatti L, et al. Job stress and chronic low back pain: incidence, number of episodes, and severity in a 4-year follow-up of the ELSA-Brasil Musculoskeletal cohort. Pain. 2024;165(11):2554-2562. doi:10.1097/j.pain.0000000000003276

Escrito por Júlia Paiva Fideles.

 

8. Consequências do câncer infantil no desenvolvimento da dor crônica

O estudo Exploring Aspects of Survivors’ Experience of Pain analisou sobreviventes adultos da coorte retrospectiva Childhood Cancer Survivor Study com o intuito de descrever a prevalência de dor crônica, fatores de risco e a ocorrência diária da interferência da dor nesses indivíduos. Este é o primeiro estudo a examinar as experiências diárias de dor, humor, ansiedade e sono entre sobreviventes de câncer infantil que têm dor crônica, abordando as associações únicas entre a dor diária e variáveis relacionadas. Dessa forma, os resultados demonstraram que a dor crônica e sua alta interferência são problemas comuns em sobreviventes adultos de câncer infantil.

De forma geral, a prevalência de dor crônica em sobreviventes adultos do câncer infantil pode ser maior do que na população geral. O surgimento da dor ao longo da trajetória do câncer infantil ocorre por vários motivos biopsicossociais como eventos dolorosos, medos e inseguranças que diferem de indivíduos sem histórico de câncer.

Nesse sentido, o estudo utilizou o aplicativo Eureka Reserarch para coletar relatos diários por duas semanas de cerca de 245 sobreviventes do câncer infantil. Nesse aplicativo, os participantes respondiam perguntas relacionadas a cronicidade, gravidade, interferência, localização e causa da dor, e por meio de preditores demográficos os pesquisadores analisavam associações entre a dor relatada e os fatores de risco dos participantes. Após a análise dos dados, os pesquisadores notaram que aproximadamente 41% dos sobreviventes adultos do câncer relataram dor crônica, e dentro desse grupo 72% relataram interferência moderada a grave da dor e 32% dor por mais de 10 anos. Em relação ao psicológico, 44% dos sobreviventes relataram sintomas depressivos, 34% ansiedade e 26% apontaram medo de recorrência do câncer.

Em virtude disso, embora apresente limitações, o estudo revela a necessidade da avaliação regular da presença de dor crônica e dificuldades psicológicas relacionadas aos sobreviventes do câncer infantil. O objetivo é garantir melhor gerenciamento das condições crônicas de saúde física e psicológica, além de prevenir ou reduzir o fardo da dor crônica e suas interferências na vida desses indivíduos.

Referências: Alberts NM, Leisenring W, Whitton J, et al. Characterization of chronic pain, pain interference, and daily pain experiences in adult survivors of childhood cancer: a report from the Childhood Cancer Survivor Study. Pain. 2024;165(11):2530-2543. doi:10.1097/j.pain.0000000000003284

Escrito por Sabrina Teixeira da Silva.

 

9. Prescrição de opioides e benzodiazepínicos estão relacionados ao aumento de lesões entre militares

Estudo estadunidense aponta que a prescrição de opioides e benzodiazepínicos está associada ao maior desenvolvimento de lesões em militares. Uma vez que, a inadequada prescrição de opioides pode impactar na qualidade de vida e no serviço ofertado por militares, os pesquisadores exploram possíveis a relação da prescrição de opioides e lesões. Assim, o estudo que consiste em um caso-controle analisou indivíduos que entraram no serviço militar entre 2005 e 2010, por meio da base de dados Person-Event Data Environment do Army Analytics Group.

Foi um estudo de coorte, em que comparavam um indivíduo com lesão e um sem lesão (ambos ingressos no mesmo período no serviço militar) e verificaram a associação da prescrição dos fármacos. Por meio do uso da Classificação Internacional de Doenças, nona edição, (CID-9), identificaram os diferentes tipos de lesões: acidentes, que incluíam veículos, quedas, acidentes naturais, eventos relacionados a drogas, drogas não opioides e álcool e eventos relacionados a opioides. Padronizaram amostras de 15.000 para cada tipo de caso.

Posteriormente, verificaram a prescrição de opioides e benzodiazepínicos nos 30 dias que antecederam as lesões e assim verificaram que a prescrição de opioides estava presente em 17,27% dos indivíduos lesionados e apenas 4,10% no grupo controle. Em relação aos fármacos benzodiazepínicos, as prescrições para o grupo com lesão foram de 3.52% e 0.50% do grupo controle. Além disso, em todos os tipos de lesões foi possível observar um efeito dose-resposta.

Tais resultados explicitam que o uso de opioides e benzodiazepínicos está relacionado a maior risco de lesões de diversas classes. Isto posto, é válido reforçar a necessidade da prescrição criteriosa de opioides a fim da redução de tais riscos.

Referências: Kelber MS, Smolenski DJ, Belsher BE, et al. The associations of opioid and benzodiazepine prescriptions with injuries among US military service members. Pain. 2024;165(11):e138-e144. doi:10.1097/j.pain.0000000000003264

Escrito por Ana Carolina Teles Marçal.

 

10. A dor crônica em jovens pode afetar microestruturas do cérebro

A catastrofização da dor crônica em pacientes jovens causa diversas alterações microestruturais da massa branca no encéfalo. Pesquisadores do Reino Unido, Países Baixos e Estados Unidos realizaram um estudo caso-controle em 2023 baseado em uma coleta biofísica de imagens ponderadas por difusão, para analisar os perigos da dor crônica no sistema nervoso de jovens. Assim, o estudo contou com 97 participantes, 61 com dor crônica e 31 sem. Em seguida, foram separados em grupos, analisando-se as diferenças límbicas e corticais presentes em cada um. O objetivo dessa pesquisa foi explorar com mais profundidade o impacto e o fardo da dor crônica pediátrica. Identificou-se regiões cerebrais com alterações significativas na dispersão de orientação em jovens com dor crônica, como as corticais e as límbicas. Observou-se, como importante achado, alterações na organização de fibras nervosas associadas à catastrofização da dor, como um marcador de desgaste cerebral. Esse estudo forneceu novos entendimentos sobre a fisiopatologia da dor crônica.

A amostra final comportou 68 participantes (44 com dor crônica e 24 sem). O caso-controle contou com o uso de questionários estruturados para a coleta de dados, coletados em Boston. Utilizou-se os instrumentos: Escala de Catastrofização da Dor Para Crianças (PCS-C) e Inventário de Incapacidade Funcional (FDI) para avaliar os pensamentos relacionados à dor, bem como as dificuldades em realizar atividades de vida diária. Em seguida, utilizou-se um algômetro para avaliar a sensibilidade à dor por meio da pressão digital. Por fim, uma sequência de imagens foi obtida com o uso de um aparelho de ressonância magnética, analisando-se atividades neurais. Para a compilação dos resultados, foram usadas variadas ferramentas de análise estatística.

Entretanto, o uso de diferentes abordagens de análise foi limitado pelos interesses dos pesquisadores. Outro fator limitante foi a amostra pequena e pouco diversificada, explorando somente aspectos nervosos centrais. Portanto, são necessárias mais pesquisas aprofundadas sobre o tema.

Referências: Timmers I, Biggs EE, Bruckert L, et al. Probing white matter microstructure in youth with chronic pain and its relation to catastrophizing using neurite orientation dispersion and density imaging. Pain. 2024;165(11):2494-2506. doi:10.1097/j.pain.0000000000003269

Escrito por Giovanna Aparecida Carvalho de Jesus.