Divulgação Científica
1. Pesquisa revela principais indicações do uso de opioides no Reino Unido
Um estudo
inédito realizado no Reino Unido analisou
dados nacionais em larga escala para
identificar as principais indicações do uso
de opioides na atenção primária. O consumo
desses medicamentos tem gerado preocupação
nas últimas duas décadas, devido ao aumento
de atendimentos médicos, hospitalizações e
mortes associadas ao seu uso. O estudo
revelou que a maioria das prescrições foi
relacionada a condições do sistema
musculoesquelético, seguidas por doenças
respiratórias. Entre os procedimentos
cirúrgicos, as cirurgias ortopédicas — como
substituições de joelho e quadril — foram as
mais associadas ao uso de opioides. O perfil
predominante dos usuários era de mulheres
brancas com mais de 55 anos.
A análise
incluiu dados de pacientes atendidos entre
2006 e 2021, excluindo aqueles com indicação
oncológica e menores de 18 anos. Os opioides
mais prescritos foram codeína (77,4%),
hidrocodona (13,4%), tramadol (6,7%) e
morfina (1,2%). As condições
musculoesqueléticas representaram 31,6% das
indicações, com destaque para osteoartrite
(60%) e dor lombar (41%). Outras indicações
relevantes incluíram infecções respiratórias
(45%) e condições neurológicas (18%).
Diante desses
achados, o estudo destaca a necessidade de
abordagens mais criteriosas na prescrição de
opioides, considerando os riscos e
benefícios, especialmente em pacientes com
múltiplas condições clínicas. Identificar os
padrões de uso e as patologias mais
associadas pode contribuir para estratégias
de prevenção e redução de riscos a longo
prazo.
Referência:
Ramirez Medina CR, Lyon M, Davies E, et al.
Clinical indications associated with new
opioid use for pain management in the United
Kingdom: using national primary care data.
Pain. Published online October 24, 2024. doi:10.1097/j.pain.0000000000003402
Escrito por
Aline Frota Brito.
2. Dismenorreia entre universitárias e absenteísmo escolar
A dismenorreia
com intensidade de dor moderada a severa
apresenta alta prevalência entre
universitárias. Uma pesquisa brasileira
realizada em 2022 com 78 estudantes do curso
de enfermagem da Universidade Estadual de
Goiás revelou que mais de 80% relataram
cólicas menstruais de intensidade moderada a
intensa. O estudo teve como objetivo estimar
essa prevalência e investigar sua relação
com o absenteísmo escolar.
De caráter
descritivo, o estudo utilizou um
questionário estruturado com questões
objetivas que abordavam dados
sociodemográficos, características do ciclo
menstrual, presença de dismenorreia e
sintomas associados, uso de medicamentos
para alívio da dor, absenteísmo escolar e
conhecimento sobre a condição. Como achado
secundário, observou-se que, apesar da
intensidade da dor, o índice de ausência nas
aulas foi baixo, possivelmente devido ao uso
frequente de analgésicos.
A cólica
menstrual é altamente prevalente entre
estudantes universitárias, com intensidade
variando principalmente entre moderada e
severa. O estudo destaca a importância de
reconhecer o impacto da dismenorreia na
qualidade de vida e no desempenho acadêmico
das mulheres em idade reprodutiva. No
entanto, uma limitação importante é o
tamanho reduzido da amostra, o que pode
restringir a generalização dos resultados.
Referências:
Arcaminho, AKF, Nascimento, LC, Dias JW.
Prevalence of dysmenorrhea in university
students and its relationship with school
absenteeism. Revista Ibero-Americana De
Humanidades, Ciências E Educação. 2023;
9:12555. Published 2023 Dez 13. doi.org/10.51891/rease.v9i11.12555
Escrito por Emanuelle Lorraine Nolêto das Neves.
3. Mulheres depressivas e ansiosas têm dores mais fortes na menopausa
Uma pesquisa
realizada entre 2019 e 2021, na China,
identificou uma associação significativa
entre dor musculoesquelética durante a
transição menopausal e fatores como estado
geral de saúde, índice de massa corporal (IMC),
ansiedade e depressão. O estudo, conduzido
em Guangzhou, incluiu 609 mulheres com
idades entre 35 e 64 anos e revelou que mais
de 60% das mulheres na pós-menopausa
apresentavam sintomas musculoesqueléticos,
como dores nas articulações e músculos.
Trata-se de um
estudo de coorte prospectivo, no qual todas
as participantes foram acompanhadas
anualmente por enfermeiras. Foram aplicados
questionários detalhados sobre saúde geral,
atividade física, hábitos alimentares e
sintomas musculoesqueléticos. A análise dos
dados mostrou que mulheres com maior IMC
eram mais propensas a relatar dores nos
ossos, articulações e músculos. Além disso,
níveis elevados de estresse, ansiedade e
depressão foram associados a maior
intensidade dessas dores.
A pesquisa
conclui que a menopausa está diretamente
associada ao aumento da dor
musculoesquelética, especialmente entre
mulheres com sobrepeso ou com sintomas de
transtornos mentais. Esses achados reforçam
a importância do acompanhamento
multiprofissional para mulheres que
enfrentam esse período marcante da vida,
considerando que muitas passarão cerca de um
terço de suas vidas na pós-menopausa. No
entanto, o estudo apresenta limitações
relacionadas à composição da amostra,
restrita em termos raciais e
socioeconômicos, o que limita a
generalização dos resultados.
Referências:
Huang F, Fan Y, Tang R, et al.
Musculoskeletal pain among Chinese women
during the menopausal transition: findings
from a longitudinal cohort study. Pain.
2024;165(11):2644-2654. doi:10.1097/j.pain.0000000000003283
Escrito por Mariana Jonas Smith.
4. Dor crônica preexistente não está associada a dor aguda moderada e grave após colecistectomia laparoscópica
Um estudo de
coorte prospectivo conduzido no BP Koirala
Institute of Health Sciences (BPKIHS), no
Nepal, entre setembro de 2022 e junho de
2023, investigou os fatores associados à dor
aguda moderada a grave nas primeiras 24
horas após colecistectomia laparoscópica. O
principal objetivo foi testar a hipótese de
que a dor crônica preexistente seria um
fator de risco para dor aguda
pós-operatória, além de identificar
preditores perioperatórios relevantes.
A amostra foi
composta por 193 pacientes submetidos a
colecistectomia laparoscópica eletiva sob
anestesia geral. Os participantes foram
avaliados quanto a dados demográficos,
características da dor pré e pós-operatória,
e fatores clínicos associados. Foram
aplicadas análises de regressão logística
univariável e multivariável para explorar as
associações entre variáveis clínicas e a dor
aguda moderada a grave.
Os resultados
mostraram que 58% dos pacientes não
apresentavam dor crônica preexistente,
enquanto 42% relataram dor crônica antes da
cirurgia. No pós-operatório, 49,74% dos
pacientes relataram dor moderada a grave
durante o movimento. A análise multivariável
revelou que a dor aguda intensa esteve
significativamente associada a fatores como:
escore de dor PROMIS pré-operatório,
distúrbios do sono, uso intraoperatório de
fentanil, extensão da incisão para retirada
da vesícula biliar, colocação de dreno
abdominal e uso de dexametasona.
Curiosamente,
embora a dexametasona tenha sido incluída
entre os fatores associados, seu uso foi
correlacionado à redução da dor aguda,
sugerindo um efeito protetor. O estudo
também reconhece limitações, como o fato de
o desfecho primário ter sido avaliado apenas
nas primeiras 24 horas após a cirurgia, o
que restringe a análise de dor persistente.
Apesar disso,
o modelo preditivo demonstrou excelente
desempenho em termos de discriminação e
calibração, indicando seu potencial para
identificar pacientes com maior risco de dor
aguda intensa no pós-operatório. Esses
achados reforçam a importância de
estratégias individualizadas de manejo da
dor, com foco na prevenção e no conforto do
paciente durante a recuperação.
Referência:
Nepali B, Subedi A, Pokharel K, Ghimire A,
Prasad JN. Preexisting chronic pain is not
associated with moderate-to-severe acute
pain after laparoscopic cholecystectomy: a
prospective cohort study. Pain Rep.
2024;9(6):e1214. Published 2024 Nov 13. doi:10.1097/PR9.0000000000001214
Escrito por Milena Dias Oliveira.
5. Naproxeno e dor ciática - alívio ou falsa esperança?
Um estudo realizado em 2023, na Noruega, avaliou a eficácia do naproxeno — um anti-inflamatório amplamente utilizado para alívio da dor — no tratamento da dor ciática. A pesquisa, conduzida em quatro hospitais noruegueses, envolveu 123 pacientes atendidos em ambulatórios e comparou os efeitos do naproxeno com os de um placebo. Os resultados mostraram que a diferença entre os dois grupos foi pequena demais para ser considerada clinicamente relevante.
O estudo foi conduzido por meio de um ensaio clínico randomizado, com acompanhamento dos participantes por 10 dias. Durante esse período, foram avaliadas a intensidade da dor, a limitação para realizar atividades cotidianas e o desconforto geral causado pela condição. Embora o grupo que recebeu naproxeno tenha apresentado uma leve melhora, o efeito foi inferior ao esperado.
Os autores concluíram que o naproxeno, isoladamente, não representa uma solução eficaz para o alívio significativo da dor ciática. Em vez disso, estratégias combinadas — como o uso de diferentes medicamentos, fisioterapia e educação do paciente — mostraram-se mais promissoras para promover a recuperação e melhorar a qualidade de vida a longo prazo. Além disso, o tratamento das causas subjacentes da ciática é essencial para prevenir recorrências.
O estudo reconhece algumas limitações, como o tamanho relativamente pequeno da amostra e o curto período de acompanhamento. Assim, os pesquisadores recomendam a realização de novos estudos com maior abrangência para identificar abordagens terapêuticas mais eficazes para essa condição comum e debilitante.
Referência: Grøvle, Lars a,* ; Hasvik, Eivind b ; Holst, René c,d ; Sætre, Anders e ; Brox, Jens Ivar f,g ; Mathiassen, Ståle h ; Myhre, Kjersti f ; Holmgard, Thor Einar i ; Haugen, Anne Julsrud e .Eficácia do naproxeno em pacientes com ciência: estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo. PAIN 165(11):p 2606-2614, novembro de 2024. | DOI: 10.1097/j.pain.000000000003280
Escrito por Maria Eduarda Gonçalves Dos
Santos.
6. Novo modelo experimental de trauma na ATM Um estudo
recente demonstrou que a abertura forçada da
boca (FMO) em camundongos induz hiperalgesia
persistente e sensibilização periférica de
neurônios trigeminais, sendo um modelo
promissor para investigar mecanismos de dor
pós-traumática na articulação
temporomandibular (ATM). A pesquisa revelou
alterações significativas em comportamentos
relacionados à dor e em respostas neuronais,
com efeitos semelhantes em ambos os sexos.
O experimento
utilizou a Mouse Grimace Scale (MGS) para
quantificar comportamentos de dor espontânea
com base em expressões faciais registradas a
cada 2–3 minutos durante 30 minutos. A FMO
foi realizada com dispositivos
personalizados por até cinco dias
consecutivos, acompanhada de testes de
sensibilidade mecânica com filamentos de von
Frey (VF).
A atividade
neuronal nos gânglios trigeminais (TG) foi
monitorada por meio de imagem de cálcio in
vivo, permitindo a avaliação de respostas a
estímulos térmicos, mecânicos e químicos.
Além disso, técnicas de imunohistoquímica
identificaram alterações neuroquímicas, como
a expressão de CGRP e TRPV1 em neurônios
trigeminais retrogradamente marcados.
O protocolo
experimental considerou variáveis sexuais,
com alocação aleatória dos animais em grupos
controle e experimental. Os resultados
reforçam o potencial do modelo FMO para
estudar a dor orofacial e suas bases
neurobiológicas, embora ressaltem
limitações, como a distinção entre
sensibilização periférica e comportamentos
de dor.
Estudos
futuros poderão explorar essas dinâmicas com
maior profundidade, ampliando a
aplicabilidade clínica dos achados e
contribuindo para o desenvolvimento de
terapias mais eficazes para dor crônica
associada à ATM.
Referências:
Alshanqiti I, Son H, Shannonhouse J, et al.
Posttraumatic hyperalgesia and associated
peripheral sensitization after
temporomandibular joint injury in mice. Pain.
2024;166(7):1597-1609. Published 2024 Dec
17. doi:10.1097/j.pain.0000000000003498
Escrito por Isabela Ribeiro de Azevedo.
7. Cronotipo tardio em adolescentes está associado a maior incidência de dor
Um estudo realizado em 2023 pela Universidade de Washington revelou que adolescentes com cronotipos mais tardios apresentam maior risco de desenvolver dor, incluindo dor moderada a grave e dor multirregional, até um ano depois. A pesquisa utilizou dados do estudo longitudinal Adolescent Brain Cognitive Development (ABCD), acompanhando 5.991 adolescentes norte-americanos com idade média de 12 anos.
Os pesquisadores avaliaram o cronotipo de cada participante com base na diferença entre o início e o fim do sono em dias livres, utilizando o Munich ChronoType Questionnaire. Durante o acompanhamento de um ano, foi observado que cada hora de atraso no cronotipo estava associada a um aumento na probabilidade de desenvolver dor (OR 1,06), dor moderada a grave (OR 1,10) e dor multirregional (OR 1,08).
A análise foi realizada por meio de um modelo de regressão logística multinível, ajustado para fatores sociodemográficos e de desenvolvimento. A amostra, composta por adolescentes de diferentes etnias e contextos socioeconômicos, apresentou um cronotipo médio de 3h59 da manhã.
O estudo conclui que o cronotipo tardio é um preditor significativo para o surgimento de dor em adolescentes. Esses achados sugerem que alterações no ritmo circadiano podem influenciar a percepção e o desenvolvimento da dor, destacando a importância de abordagens personalizadas no manejo da dor em jovens. No entanto, os autores ressaltam a necessidade de mais pesquisas para compreender melhor as interações entre cronotipo, sono e fatores emocionais.
Referência: Li R, Groenewald C, Tham SW, Rabbitts JA, Ward TM, Palermo TM. Influence of chronotype on pain incidence during early adolescence. Pain. 2024;165(11):2595-2605. doi:10.1097/j.pain.0000000000003271
Escrito por Clara Leite Trigueiro.
8. Será que o ser humano é capaz de controlar a sua percepção de dor?
Um estudo
conduzido pelo Departamento de Psiquiatria
da Universidade da Califórnia, em São
Francisco (UCSF), demonstrou que os padrões
de ativação neural de um indivíduo
permanecem estáveis ao antecipar a dor em
situações de incerteza. Esse padrão
contrasta com os efeitos conhecidos da
expectativa positiva, que pode reduzir a dor
e induzir analgesia placebo, e da
expectativa negativa, que tende a amplificar
a dor e gerar resposta nocebo.
A hipótese
central do estudo previa que regiões como a
ínsula anterior e o estriado ventral
desempenhariam papéis cruciais na
antecipação da dor. Para testá-la, 147
participantes foram recrutados entre 2008 e
2011 por meio de folhetos, sites (como
Craigslist), jornais locais e indicações. Do
total, 57 pertenciam ao grupo controle (sem
histórico de transtornos mentais) e 90
apresentavam diagnóstico atual ou passado de
condições psiquiátricas — todos sem dor
crônica.
Os
participantes foram submetidos a um
protocolo experimental que envolvia a
aplicação de estímulos térmicos dolorosos no
antebraço esquerdo, com duas intensidades
previamente calibradas (baixa e alta). Cada
tentativa era precedida por um período de
antecipação de 10 segundos, iniciado por uma
dica visual, seguido por 7 segundos de
estímulo doloroso e um intervalo de descanso
de 24 a 30 segundos. Além das dicas que
indicavam dor alta ou baixa, uma terceira
imagem foi usada para induzir incerteza
sobre a intensidade da dor.
A análise dos
dados revelou que a forma como os indivíduos
antecipam a dor influencia diretamente sua
percepção. Mesmo diante da incerteza, os
padrões neurais de antecipação se mantiveram
consistentes, sugerindo que o cérebro pode
adotar uma estratégia estável de resposta a
estímulos ambíguos.
Esses achados
destacam a importância de considerar os
viéses antecipatórios no contexto clínico,
especialmente em pacientes com histórico
psiquiátrico. A forma como a dor é
antecipada pode interferir na avaliação
diagnóstica e no sucesso terapêutico. Assim,
os autores recomendam que futuras pesquisas
explorem mais profundamente as interações
entre cronobiologia, emoção e expectativa no
manejo da dor.
Referência:
Strigo IA, Kadlec M, Mitchell JM, Simmons AN.
Identification of group differences in
predictive anticipatory biasing of pain
during uncertainty: preparing for the worst
but hoping for the best. Pain.
2024;165(8):1735-1747. doi:10.1097/j.pain.0000000000003207
Escrito por Gabriela Oliveira Gonçalves.
9. Idosos com dor crônica estão sujeitos a ter depressão?
O tipo de
lócus de controle da dor relatado por idosos
não interfere significativamente na
probabilidade de depressão. No entanto,
compreender a dor crônica nessa população
pode contribuir para tratamentos mais
eficazes e melhor qualidade de vida.
Pesquisadores
do Departamento de Fisioterapia do Centro
Universitário de Lavras, em parceria com o
Programa de Pós-graduação em Ciências da
Reabilitação do Centro Universitário Augusto
Motta (RJ), analisaram a relação entre o
lócus de controle da dor, o nível de
dependência e a prevalência de depressão em
idosos. A pesquisa foi conduzida por meio de
um estudo observacional de corte transversal
na Associação dos Aposentados, Pensionistas
e Idosos de Lavras e Região (AAPIL), em
Lavras, Minas Gerais.
A amostra
final foi composta por 91 indivíduos, de
ambos os sexos, com idades entre 60 e 90
anos, sem comprometimento cognitivo,
conforme avaliado pelo Mini Exame do Estado
Mental (MEEM). Além do MEEM, foram aplicados
quatro questionários: um para coleta de
dados sociodemográficos e clínicos; o
Formulário C da Escala Multidimensional de
Lócus de Controle da Saúde; a Escala de
Depressão Geriátrica de Yesavage; e o Índice
de Katz, para avaliação da capacidade
funcional.
A análise dos
dados revelou que a maioria dos idosos
apresentava dor crônica, crenças internas
sobre sua saúde, altos níveis de
independência e ausência de sintomas
depressivos. Embora não tenha sido
identificada correlação significativa entre
o lócus de controle da dor e a depressão,
compreender o perfil psicossocial do
paciente é essencial para decisões clínicas
mais assertivas.
Assim, são
necessárias mais pesquisas que aprofundem o
impacto do lócus de controle da dor na
qualidade de vida dos idosos, contribuindo
para intervenções mais personalizadas e
eficazes.
Referência:
Paixão, Isabela Leite da et al. Tipo de
lócus de controle da dor relacionado ao
nível de dependência e depressão em idosos.
BrJP, v. 7, p. e20240008, 2024.
Escrito por Gabriela Oliveira Gonçalves.
10. Uso de canais KATP meníngeos na enxaqueca
Pesquisadores da Universidade do Texas investigaram o papel dos canais KATP na fisiopatologia da enxaqueca. Utilizando modelos em camundongos, o estudo demonstrou que o estresse repetitivo aumenta a suscetibilidade dos animais a estímulos que ativam esses canais, resultando em hipersensibilidade periorbital — um sintoma comum durante crises de enxaqueca. Além disso, o bloqueio dos canais KATP com o fármaco glibenclamida reduziu significativamente a resposta dolorosa, sugerindo que esses canais podem representar um novo alvo terapêutico.
O experimento avaliou os efeitos da ativação dos canais KATP nas meninges. Após serem submetidos a um protocolo de estresse repetitivo, os camundongos receberam levcromakalim, um ativador desses canais. Os animais estressados apresentaram resposta dolorosa exacerbada em comparação aos controles. A administração de glibenclamida, um inibidor dos canais KATP, preveniu essa reação. Os pesquisadores também observaram que substâncias conhecidas por desencadear enxaqueca, como CGRP e prolactina, ativam esses canais, reforçando sua relevância na fisiopatologia da doença.
Esses achados indicam que os canais KATP meníngeos desempenham um papel central na hipersensibilidade associada à enxaqueca. A inibição farmacológica desses canais pode representar uma abordagem inovadora no tratamento da condição, oferecendo uma alternativa aos métodos convencionais. No entanto, são necessários estudos adicionais em humanos para validar esses resultados e desenvolver fármacos seletivos que bloqueiem esses canais com segurança e eficácia.
Referência: Mei HR, Lam M, Kulkarni SR, Ashina H, Ashina M, Dussor G. Meningeal K ATP channels contribute to behavioral responses in preclinical migraine models. Pain. 2025;166(2):398-407. doi:10.1097/j.pain.0000000000003385
Escrito por Maria Eduarda Gonçalves Dos Santos.
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