Milena Dias Oliveira
Um estudo
realizado com participantes saudáveis na
Universidade de Tel Aviv, em Israel,
demonstrou que o exercício isométrico pode
induzir tanto hipoalgesia quanto
hiperalgesia em pessoas sem dor crônica. O
exercício físico é amplamente utilizado como
intervenção para dor crônica e, além de seus
benefícios funcionais, pode elevar o limiar
de dor — fenômeno conhecido como hipoalgesia
induzida por exercício. No entanto, o efeito
oposto, a hiperalgesia induzida por
exercício, é frequentemente observado em
pacientes com dor crônica.
O objetivo do
estudo foi investigar em que medida esses
efeitos ocorrem em indivíduos saudáveis e se
estão relacionados à capacidade de modulação
da dor. A amostra foi composta por 57
participantes saudáveis, sem histórico de
dor ou diagnóstico clínico, recrutados por
meio de anúncios na universidade.
Os resultados
revelaram respostas divergentes: 60% dos
participantes apresentaram aumento
significativo no limiar de dor por pressão (hipoalgesia),
enquanto 40% mostraram redução significativa
(hiperalgesia). A magnitude da hipoalgesia
correlacionou-se com níveis mais altos de
atividade física diária, enquanto a
hiperalgesia esteve associada ao estresse
percebido.
Além disso,
observou-se que o humor negativo está
relacionado a menor resposta hipoalgésica e
maior hiperalgesia, enquanto o reforço
positivo pode potencializar os efeitos
analgésicos do exercício. Esses achados
sugerem que a modulação da dor induzida por
exercício envolve não apenas fatores
físicos, mas também componentes
psicológicos, como humor e percepção
individual.
Referência:
Liebermann, Paza; Defrin, Ruthb,c,. Opposite
effects of isometric exercise on pain
sensitivity of healthy individuals: the role
of pain modulation. PAIN Reports 9(6):p
e1195, December 2024. | DOI:
10.1097/PR9.0000000000001195