Luíza Beatriz Carvalho Cunha
A aplicação
oral de canabinoide (CBD) em estado de
jejum, não induziu nenhum efeito sobre a
hiperalgesia induzida por opioides (HIO).
Estudo no hospital universitário de Basileia,
na Suíça, objetivou mostrar se o canabidiol
alteraria a HIO ou a dor ou a alodinia. A
HIO é um fenômeno bem descrito, que acontece
quando há necessidade de altas doses de
opioide intraoperatório, causando dor
pós-operatória. Além disso, já é evidente
que o CBD é uma substância não psicoativa
com baixo potencial de abuso, com efeitos
colaterais bem tolerados e baixa taxa de
interações medicamentosas. Estudo anterior
demonstrou a habilidade do CBD de aumentar a
antinocicepção em camundongos, sugerindo que
este age como antagonista alpha-1,
diminuindo a influência do glutamato em
receptores NMDA. Considerando que, já é de
conhecimento que a HIO é causada por
sensibilização central através dos
receptores NMDA, tornou-se uma descoberta
interessante para o estudo da HIO.
Nesse estudo
prospectivo e duplo-cego, cada voluntário
recebeu 2 intervenções elétricas de dores
agudas com 2 semanas de diferença entre uma
e outra. Nas duas intervenções os
participantes receberam uma infusão de 30
minutos de ramifetanil, 100 minutos depois
da ingestão de uma dose alta de CBD ou do
placebo. Dor (medida com escala de
estimativa numérica (NRS), hiperalgesia
(medindo a área) e alodinia (medida com swab
seco) eram medidas a cada 10 minutos, além
das aferições de oximetria e do bem-estar do
paciente durante as intervenções.
O uso de CBD
oral em dose única alta não gerou nenhum
efeito na HIO, dor ou alodinia. Faltam
então, alternativas para diminuir a HIO. O
CBD interage com vários receptores que podem
ser modulares de dor, e o estudo de produtos
contendo CBD deve continuar. E antes de
negligenciar o CBD na diminuição das HIO,
deve-se realizar uma pesquisa se
concentrando em formulações de medicamentos
que permitam maiores níveis de drogas após
dose única, como a aplicação intravenosa ou
para indicações as quais a administração
repetitiva seria adequada.
Referência:
Dieterle, M., Zurbriggen, L., Mauermann, E.,
Mercer-Chalmers-Bender, K., Frei, P., Ruppen,
W., & Schneider, T. (2022). Pain response to
cannabidiol in opioid-induced hyperalgesia,
acute nociceptive pain, and allodynia using
a model mimicking acute pain in healthy
adults in a randomized trial (CANAB II).
Pain, 163(10), 1919–1928. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000002591
Alerta
submetido em 04/11/2022 e aceito em
16/12/2022.