Ana Clara Gonçalves Madeiro
Estudo
realizado na Austrália com 20 mulheres
aponta que a educação sobre a ciência da dor
alivia significativamente os sintomas de dor
pélvica persistente (DPP). As participantes,
recrutadas em redes sociais e clínicas de
fisioterapia, relataram que aprender sobre o
papel do sistema nervoso e a natureza
multifatorial da dor as ajudou a gerenciar
melhor seus sintomas e ofereceu esperança e
empoderamento.
Inicialmente,
a pesquisa de caráter qualitativo, utilizou
de entrevistas semiestruturadas para
investigar as experiências de mulheres com
dor pélvica persistente que receberam uma
abordagem educativa. A DPP, frequentemente
associada a queixas ginecológicas, urinárias
e do assoalho pélvico, muitas vezes resulta
em insatisfação e diagnóstico impreciso. A
assistência educacional explicou às
participantes que os sintomas dolorosos
estavam diretamente associados também com o
sofrimento psicológico. Além disso, a
neuroplasticidade — a capacidade do sistema
nervoso de se adaptar e mudar — foi
apresentada como um mecanismo que poderia
reverter a hipersensibilidade à dor. Essas
orientações, associadas à fisioterapia,
proporcionaram melhora tanto na dor quanto
no bem-estar geral.
Dessa maneira,
percebe-se o impacto que a educação sobre a
neurociência da dor, aliada a estratégias
eficazes de manejo, pode transformar a
percepção e o cotidiano destas mulheres. A
intervenção de ensino proporciona
empoderamento, consciência e maior controle
sobre a dor, com impacto positivo na
qualidade de vida. Ademais, os pesquisadores
apontam que mais adaptações são necessárias
para personalizar essa abordagem e que
outras pesquisas clínicas são necessárias
para validar esses achados em larga escala.
Referências:
Mardon AK, Chalmers KJ, Heathcote LC, et al.
"I wish I knew then what I know now" - pain
science education concepts important for
female persistent pelvic pain: a reflexive
thematic analysis. Pain.
2024;165(9):1990-2001. doi:10.1097/j.pain.0000000000003205