Respostas microgliais à dor neuropática e ao
uso de opioides
Roberto Junior Rodrigues de Jesus
EEm 2024, pesquisadores da Universidade de Stanford investigaram as respostas microgliais em diferentes condições de dor neuropática e durante o uso crônico de opioides. Utilizando modelos animais, o estudo analisou como lesões nervosas periféricas e o uso prolongado de morfina afetam a morfologia e a expressão gênica das células microgliais, abrindo novas possibilidades terapêuticas para o manejo da dor crônica.
Os experimentos seguiram normas éticas e utilizaram camundongos C57Bl6/J e ratos Sprague-Dawley. A morfina foi administrada por via subcutânea em doses de 10 a 40 mg/kg. As análises incluíram imunofluorescência para avaliar a densidade e morfologia microglial, hibridização in situ para detecção de RNA, e microscopia confocal combinada com sequenciamento de RNA. As lesões nervosas foram induzidas por transecção do nervo ciático ou constrição crônica.
Os resultados mostraram que, embora o tratamento com morfina tenha provocado alterações morfológicas nas microglias, ele não causou mudanças significativas na expressão gênica dessas células, mesmo em doses associadas à tolerância e hipersensibilidade. Em contraste, as lesões nervosas periféricas desencadearam uma resposta microglial robusta, com regulação positiva de 155 genes e ativação de vias imunológicas e inflamatórias.
Em resumo, o estudo destaca que as respostas microgliais são altamente dependentes do tipo de estímulo — seja lesão nervosa ou uso de opioides —, o que reforça a importância de abordagens terapêuticas personalizadas. Essas descobertas oferecem uma base promissora para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes no tratamento da dor crônica.
Referências: Sypek EI, Tassou A, Collins HY, et al. Diversity of microglial transcriptional responses during opioid exposure and neuropathic pain. Pain. 2024;165(11):2615-2628. doi:10.1097/j.pain.0000000000003275 |