Uso de canais KATP meníngeos na enxaqueca
Maria Eduarda Gonçalves Dos Santos
Pesquisadores da Universidade do Texas investigaram o papel dos canais KATP na fisiopatologia da enxaqueca. Utilizando modelos em camundongos, o estudo demonstrou que o estresse repetitivo aumenta a suscetibilidade dos animais a estímulos que ativam esses canais, resultando em hipersensibilidade periorbital — um sintoma comum durante crises de enxaqueca. Além disso, o bloqueio dos canais KATP com o fármaco glibenclamida reduziu significativamente a resposta dolorosa, sugerindo que esses canais podem representar um novo alvo terapêutico.
O experimento avaliou os efeitos da ativação dos canais KATP nas meninges. Após serem submetidos a um protocolo de estresse repetitivo, os camundongos receberam levcromakalim, um ativador desses canais. Os animais estressados apresentaram resposta dolorosa exacerbada em comparação aos controles. A administração de glibenclamida, um inibidor dos canais KATP, preveniu essa reação. Os pesquisadores também observaram que substâncias conhecidas por desencadear enxaqueca, como CGRP e prolactina, ativam esses canais, reforçando sua relevância na fisiopatologia da doença.
Esses achados indicam que os canais KATP meníngeos desempenham um papel central na hipersensibilidade associada à enxaqueca. A inibição farmacológica desses canais pode representar uma abordagem inovadora no tratamento da condição, oferecendo uma alternativa aos métodos convencionais. No entanto, são necessários estudos adicionais em humanos para validar esses resultados e desenvolver fármacos seletivos que bloqueiem esses canais com segurança e eficácia.
Referência: Mei HR, Lam M, Kulkarni SR, Ashina H, Ashina M, Dussor G. Meningeal K ATP channels contribute to behavioral responses in preclinical migraine models. Pain. 2025;166(2):398-407. doi:10.1097/j.pain.0000000000003385 |