Pesquisadores da Universidade da Colúmbia
Britânica, localizada no Canadá, realizaram
um estudo prospectivo com observação do
comportamento e hábitos das pessoas
residentes em moradias precárias no país,
com acompanhamento durante 5 anos,
observando a influência do uso de opioides,
bem como fatores variáveis e invariantes no
tempo que poderiam desencadear dores
corporais. Além da possibilidade de ideação
suicida, em diferentes níveis de dor.
Lembrando que um dos grandes desafios dessas
pessoas também é a precariedade e falta de
assistência em saúde, somatizando os fatores
de risco e assim amplificando suas dores.
A partir da metodologia baseada em
estatísticas descritivas de dor, assim como
fatores de risco para o seu desenvolvimento,
se demonstrou que componentes como:
transtorno de estresse pós-traumático,
sintomas depressivos e menor utilização de
opioides de maneira diária, apesar de seu
uso crônico desencadear a sensibilização
central, provocaram exacerbação da dor
corporal, de modo que a intensidade dessa
dor também sinaliza maior risco de
mortalidade na amostra populacional em
estudo. Atrelado a esse desfecho, também se
encontra o envelhecimento, onde os
participantes idosos que possuíam dores
severas em diferentes graus como: baixo,
intermediário e de grande intensidade
apresentaram maior risco de mortalidade,
consequente a menor chance de sobrevivência,
quando em comparação a outras faixas
etárias. E, observou-se também que as dores
eram localizadas principalmente nas
articulações, músculos e região lombar.
Dessa maneira se compreende a necessidade de
intensificar a atenção ao estado de saúde
daqueles que se encontram em situação de
marginalização, tendo em vista o acentuado
sofrimento mental e físico nessa parcela da
população. Entendendo que a realidade de
saúde das pessoas que habitam em moradias
precárias no Canadá demonstra a dependência
do uso de opioides a longo prazo sendo
responsável pela intensificação das dores
corporais, se faz necessária a atuação do
sistema de saúde pública do país, no sentido
de institucionalizar e estimular a
utilização de métodos distintos para o
controle da dor, visando ao aumento da taxa
de sobrevivência e a intensificação do
cuidado no país.
Referência: Jones AA, Cho LL, Kim DD, Barbic
SP, Leonova O, Byford A, Buchanan T,
Vila-Rodriguez F, Procyshyn RM, Lang DJ,
Vertinsky AT, MacEwan GW, Rauscher A,
Panenka WJ, Thornton AE, Barr AM, Campo TS,
Honer WG. Dor, uso de opioides, sintomas
depressivos e mortalidade em adultos vivendo
em moradias precárias ou em situação de rua:
um estudo prospectivo longitudinal. Dor. 1
de novembro de 2022;163(11):2213-2223. doi:
10.1097/j.pain.0000000000002619. Epub 2022
21 de fevereiro. PMID: 35472065.
Alerta
submetido em 20/01/2023 e aceito em
20/01/2023.