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Alerta da edição mensal

 

 

Canabinoides podem aliviar dor de cabeça crônica

Victoria Rodrigues de Sousa dos Santos

 

Artigo de revisão revela mitos e verdades a respeito do uso de canabinoides no tratamento da dor de cabeça crônica. Os achados deste estudo indicam evidências positivas, explicadas pela compreensão do sistema endocanabinoide, e de suas propriedades e mecanismos de ação no sistema nervoso central e periférico. Atualmente, existe receio no uso de canabinoides devido a falsas crenças sobre a sua segurança, há, no entanto, estudos transversais randomizados; retrospectivos e observacionais que demonstram redução na frequência e intensidade de enxaqueca com uso da cannabis medicinal.

 

O estudo se baseou em 64 artigos publicados e selecionados das bases de dados PubMed e Google Scholar. E demonstrou, com base em um extenso levantamento de dados, que o uso de cannabis inalada é capaz de reduzir a gravidade das dores de cabeça e enxaqueca em aproximadamente 50%. Isso se dá pela ampla distribuição do sistema canabinoide no sistema nervoso central e periférico, agindo em funções reguladoras fisiológicas como plasticidade sináptica, nocicepção e dor, regulação do estresse e emoção. Esse sistema atua por meio dos receptores CB1 e CB2, e, em cooperação com outros alvos moleculares presentes em circuitos maiores de dor, como endorfinas e o sistema inflamatório.

 

A enxaqueca é a segunda principal causa de incapacidade a nível mundial, afetando mais de 10% da população. No Brasil, a prevalência de enxaqueca é de aproximadamente 15,2%, sendo mais frequente no sexo feminino. Nesse contexto, a cannabis é utilizada para o tratamento de dor crônica e cefaleia, com benefícios a curto e longo prazo, e eficácia na redução da ingestão diária de analgésicos, da dependência e da intensidade da dor. Portanto, os canabinoides são considerados efetivos para dores de cabeça, e podem ser uma boa alternativa frente à ineficiência ou intolerância a medicamentos convencionais. Contudo, devem ser utilizados com cautela em pacientes com histórico de abuso de substâncias; uso de sedativos ou hipnóticos; doença renal; hepática; doença cardiopulmonar grave, e doenças psiquiátricas. Além disso, devem ser evitados para mulheres com risco de gravidez ou lactantes.

 

Referência: Santiago NM, Lima YM. Chronic headache and cannabinoids use: myths and truths. Cefaleia crônica e uso de canabinoides: mitos e verdades. BrJP. São Paulo. 2023; Suppl Cannabis. DOI 10.5935/2595-0118.20230027-em

 

Alerta submetido em 25/08/2023 e aceito em 01/09/2023.