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A raiva e a tendência a sentir raiva
aumentam o risco de desenvolver dor crônica
Sthefane Silva Santos
Em 2025, um estudo longitudinal realizado por pesquisadores franceses identificou que a raiva sentida no momento da admissão em um pronto-socorro, somada à tendência do indivíduo a sentir raiva com frequência, aumenta em até quatro vezes o risco de desenvolver dor crônica. Este foi o primeiro estudo a avaliar o impacto das emoções no ambiente do pronto-socorro sobre o desenvolvimento de dor crônica. A identificação da influência das emoções negativas nos diferentes níveis de cuidado em saúde sobre o desenvolvimento da dor crônica, permite o planejamento de medidas que possam minimizar essas emoções.
Foram incluídos 914 pacientes que não tinham diagnóstico de dor crônica. Os pesquisadores analisaram a presença e a intensidade de oito emoções, classificadas como positivas (alívio, contentamento, alegria e interesse) ou negativas (raiva, medo, arrependimento e tristeza), além da intensidade da dor no momento da admissão. Ao identificar as emoções com maior intensidade, também investigaram a frequência com que cada emoção era sentida antes da emergência. Após quatro meses, os pacientes que relataram sentir dor persistente ou recorrente foram considerados com dor crônica. Foi avaliada a influência desses fatores individualmente e em conjunto sobre o desenvolvimento da dor crônica. Cerca de 30% dos pacientes atendidos na urgência por um problema de saúde agudo, e que sentiram raiva e tinham uma tendência a sentir raiva, desenvolveram dor crônica quatro meses depois. Nas avaliações realizadas por questionários no momento da admissão, esses pacientes também relataram sentir tristeza, tendência a sentir tristeza com frequência, e apresentaram dor moderada, os quais também foram associados ao desenvolvimento da dor crônica, embora com menor impacto.
Dessa forma, o estudo mostrou que pacientes com raiva e tendência à raiva na admissão em uma emergência têm um risco maior de desenvolver dor crônica após esse evento agudo. Esses achados contribuem para o planejamento de estratégias para minimizar fatores que possam provocar sentimentos de raiva nos pacientes, já no ambiente de pré-atendimento.
Referência: Pilet C, Gil-Jardiné C, Tortes Saint Jammes J, Lagarde E, Lafont S, Galinski M. The role of emotions reported in the emergency department in four-month chronic pain development: Effects of sadness and anger. The American Journal of Emergency Medicine. 2025;92:52-59. doi:10.1016/j.ajem.2025.02.044 |