Artigo de
revisão revela mitos e verdades a respeito
do uso de canabinoides no tratamento da dor
de cabeça crônica. Os achados deste estudo
indicam evidências positivas, explicadas
pela compreensão do sistema endocanabinoide,
e de suas propriedades e mecanismos de ação
no sistema nervoso central e periférico.
Atualmente, existe receio no uso de
canabinoides devido a falsas crenças sobre a
sua segurança, há, no entanto, estudos
transversais randomizados; retrospectivos e
observacionais que demonstram redução na
frequência e intensidade de enxaqueca com
uso da cannabis medicinal.
O estudo se
baseou em 64 artigos publicados e
selecionados das bases de dados PubMed e
Google Scholar. E demonstrou, com base em um
extenso levantamento de dados, que o uso de
cannabis inalada é capaz de reduzir a
gravidade das dores de cabeça e enxaqueca em
aproximadamente 50%. Isso se dá pela ampla
distribuição do sistema canabinoide no
sistema nervoso central e periférico, agindo
em funções reguladoras fisiológicas como
plasticidade sináptica, nocicepção e dor,
regulação do estresse e emoção. Esse sistema
atua por meio dos receptores CB1 e CB2, e,
em cooperação com outros alvos moleculares
presentes em circuitos maiores de dor, como
endorfinas e o sistema inflamatório.
A enxaqueca é
a segunda principal causa de incapacidade a
nível mundial, afetando mais de 10% da
população. No Brasil, a prevalência de
enxaqueca é de aproximadamente 15,2%, sendo
mais frequente no sexo feminino. Nesse
contexto, a cannabis é utilizada para o
tratamento de dor crônica e cefaleia, com
benefícios a curto e longo prazo, e eficácia
na redução da ingestão diária de
analgésicos, da dependência e da intensidade
da dor. Portanto, os canabinoides são
considerados efetivos para dores de cabeça,
e podem ser uma boa alternativa frente à
ineficiência ou intolerância a medicamentos
convencionais. Contudo, devem ser utilizados
com cautela em pacientes com histórico de
abuso de substâncias; uso de sedativos ou
hipnóticos; doença renal; hepática; doença
cardiopulmonar grave, e doenças
psiquiátricas. Além disso, devem ser
evitados para mulheres com risco de gravidez
ou lactantes.
Referência:
Santiago NM, Lima YM. Chronic headache and
cannabinoids use: myths and truths. Cefaleia
crônica e uso de canabinoides: mitos e
verdades. BrJP. São Paulo. 2023; Suppl
Cannabis. DOI 10.5935/2595-0118.20230027-em