Uma pesquisa
estadunidense, conduzida por pesquisadores
da Harvard Medical School, analisou 100
adolescentes entre 13 e 19 anos para
investigar a relação entre redes neurais e
características da dor menstrual. A partir
da ressonância magnética funcional (fMRI) e
autoavaliação das jovens, os cientistas
identificaram que a intensidade da dor
menstrual está associada à conectividade
alterada de redes neurais responsáveis pela
percepção e regulação da dor.
O estudo
utilizou imagens de fMRI das adolescentes em
repouso durante 6 minutos e avaliaram a
dismenorreia em diferentes aspectos, como
interferência nas atividades de vida diária
e intensidade da dor. Os pesquisadores
focaram no Triple Network Model (TNM), que
inclui três redes cerebrais principais: a
rede de saliência (cSN), a rede de modo
padrão (DMN) e a rede executiva central (CEN).
A intensidade da dor estava diretamente
ligada a uma maior conectividade nas regiões
de processamento límbico e sensorial. Além
disso, também afetou a rede de controle de
funções cognitivas, como resolução de
problemas e concentração e ocorreu a
diminuição da comunicação da rede que fica
ativa quando a pessoa está em repouso. Dessa
forma, os resultados demonstram o impacto da
dor menstrual nas diferentes conexões
cerebrais.
Portanto,
essas alterações na conectividade cerebral
sugerem que adolescentes com maior dor
menstrual possuem padrões de conectividade
cerebral semelhantes aos de condições de dor
crônica. Esses achados podem ajudar a
dimensionar e validar o impacto físico e
emocional do período menstrual no cotidiano
da saúde da mulher. No entanto, mais estudos
longitudinais são necessários para
determinar se essas mudanças cerebrais podem
ou não alterarem conforme o tempo.
Referências:
Payne LA, Seidman LC, Napadow V, Nickerson
LD, Kumar P. Functional connectivity
associations with menstrual pain
characteristics in adolescents: an
investigation of the triple network model.
Pain. 2025;166(2):338-346. doi:10.1097/j.pain.0000000000003334