Cronotipo tardio em adolescentes está
associado a maior incidência de dor
Clara Leite Trigueiro
Um estudo realizado em 2023 pela Universidade de Washington revelou que adolescentes com cronotipos mais tardios apresentam maior risco de desenvolver dor, incluindo dor moderada a grave e dor multirregional, até um ano depois. A pesquisa utilizou dados do estudo longitudinal Adolescent Brain Cognitive Development (ABCD), acompanhando 5.991 adolescentes norte-americanos com idade média de 12 anos.
Os pesquisadores avaliaram o cronotipo de cada participante com base na diferença entre o início e o fim do sono em dias livres, utilizando o Munich ChronoType Questionnaire. Durante o acompanhamento de um ano, foi observado que cada hora de atraso no cronotipo estava associada a um aumento na probabilidade de desenvolver dor (OR 1,06), dor moderada a grave (OR 1,10) e dor multirregional (OR 1,08).
A análise foi realizada por meio de um modelo de regressão logística multinível, ajustado para fatores sociodemográficos e de desenvolvimento. A amostra, composta por adolescentes de diferentes etnias e contextos socioeconômicos, apresentou um cronotipo médio de 3h59 da manhã.
O estudo conclui que o cronotipo tardio é um preditor significativo para o surgimento de dor em adolescentes. Esses achados sugerem que alterações no ritmo circadiano podem influenciar a percepção e o desenvolvimento da dor, destacando a importância de abordagens personalizadas no manejo da dor em jovens. No entanto, os autores ressaltam a necessidade de mais pesquisas para compreender melhor as interações entre cronotipo, sono e fatores emocionais.
Referência: Li R, Groenewald C, Tham SW, Rabbitts JA, Ward TM, Palermo TM. Influence of chronotype on pain incidence during early adolescence. Pain. 2024;165(11):2595-2605. doi:10.1097/j.pain.0000000000003271 |