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Alerta da edição mensal

 

 

Estudo identifica quem está tem mais risco de dor crônica após lesão cerebral traumática leve

Ana Carolina Lucchese Velozo

 

Estudo israelense publicado em 2025 elaborou uma ferramenta capaz de prever, com 83% de exatidão, quais pacientes podem desenvolver dor crônica após lesão craniana leve pós-traumática. A lesão craniana está associada a outros sintomas, como dor crônica, tonturas, ansiedade e depressão que reduzem a qualidade de vida. Desta forma, pesquisas têm focado em estabelecer modelos prognósticos que possam prever o aparecimento dessas condições. A pesquisa, conduzida no Rambam Health Care Campus com 203 vítimas de acidentes de carro ou moto, demonstrou que dados clínicos, psicológicos e socioeconômicos coletados nas primeiras 72 horas após o trauma têm grande capacidade de previsão de desenvolvimento de dor crônica.

 

O estudo acompanhou os pacientes por 1 ano, realizando avaliações completas em três momentos: até 3 dias (fase subaguda), 6 meses e 1 ano após o trauma. A equipe coletou 21 parâmetros diferentes por meio de exames clínicos, exames de imagem, testes psicológicos e questionários, incluindo questionários de dor, ansiedade, estresse, escolaridade e renda. Um algoritmo foi utilizado para identificar quais variáveis foram mais influentes, sendo possível estabelecer dois modelos: um completo, com 21 parâmetros, e outro simplificado, com 10 parâmetros. Ambos apresentaram desempenho similar, com acurácia de 83% e sensibilidade de 92% para identificar casos de dor crônica. Entre os parâmetros avaliados, a presença de tontura, nível de educação, idade, número de áreas dolorosas e intensidade da dor foram os mais relevantes, enquanto sexo, presença de desorientação e catastrofização da dor foram menos influentes na capacidade preditiva deste modelo.

 

Os resultados obtidos sugerem que dados facilmente recolhidos nas primeiras 72 horas após a lesão cerebral traumática leve podem auxiliar na previsão de desenvolvimento de dor crônica. Esta abordagem permite a identificação precoce de indivíduos em maior risco, possibilitando a implementação de intervenções direcionadas. No entanto, mais estudos padronizados em grandes coortes são necessários para refinar o modelo para uso clínico generalizado.

 

Referências: Ramon-Gonen R, Granovsky Y, Shelly S. Predicting chronic post-traumatic head and neck pain: the role of bedside parameters. Pain. 2025;166(5):1050-1059. doi:10.1097/j.pain.0000000000003431