O estudo
evidenciou que estruturas denominadas redes
perineuronais, formadas por componentes da
matriz extracelular envolvendo certos
neurônios, aumentam em regiões do cérebro de
camundongos com dor crônica causada por
lesão nervosa. A pesquisa realizada por
cientistas italianos da Universidade de Roma
“La Sapienza”, mostrou que a presença maior
dessas redes em áreas ligadas à percepção e
ao controle da dor está associada à maior
sensibilidade ao toque e ao calor. Quando
essas redes foram destruídas, os animais
sentiram menos dor e quando sua degradação
foi bloqueada, até camundongos saudáveis
ficaram mais sensíveis.
O estudo
contou com o uso de camundongos que
continham lesão no nervo ciático e avaliou a
dor com testes de toque e calor. Após tratar
o cérebro dos animais com uma enzima que
dissolve as redes perineuronais, a
sensibilidade à dor diminuiu. Por outro
lado, ao impedir que essas redes fossem
quebradas naturalmente, mesmo animais sem
lesão passaram a sentir mais dor. As redes
se formaram principalmente no córtex
somatossensorial, no córtex pré-frontal e em
regiões do tálamo e da ínsula — todas
ligadas à experiência da dor.
O acúmulo
dessas redes parece tornar os neurônios mais
sensíveis, o que pode piorar ou até causar
dor crônica. A pesquisa abre caminho para
novos tratamentos que atuem diretamente
sobre essas estruturas, mas ainda são
necessárias abordagens mais específicas para
uso clínico.
Referência:
Mascio G, Notartomaso S, Ginerete RP, et al.
Formation of perineuronal nets within a
thalamocortical circuit shapes mechanical
and thermal pain thresholds in mice with
neuropathic pain. Pain.
2025;166(5):1128-1142. doi:10.1097/j.pain.0000000000003563