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Alerta da edição mensal

 

 

Adultos em tratamento com Cannabis podem precisar de maiores doses ao longo do tempo

Aline Frota Brito

 

O tratamento para dor crônica com prescrição de cannabis medicinal (CM) é inovador e recente e por isso, exige certos cuidados e alertas durante o acompanhamento. Há resultados controversos que indicam resultados positivos e negativos sobre esse tratamento, pois, há um nível de dependência importante. Os dados de um estudo transversal de 187 pacientes em tratamento em 3 centros de dor na Alemanha com adultos entre 18 e 65 anos em 2021, evidenciaram que 29,9% dos participantes tinham transtorno do uso de cannabis. O transtorno do uso de cannabis é caracterizado pelo consumo da CM além da prescrita e o uso concomitante a outras substâncias, relatado em 20 indivíduos.

 

Os dados foram coletados através de questionários sigilosos para verificar benefícios e danos compostos por 11 perguntas objetivas com resposta de sim ou não, evidenciaram que 16 pessoas se sentiram incapazes de interromper ou reduzir o uso da CM e que ao tentar, a dor não foi controlada. Além disso, mais da metade (55%) relatou que precisou de altas quantidades para ter o efeito que antes tinha, evidenciando o efeito de tolerância (encontrado em 29,7% dos participantes) e para adquirir uma sensação maior de relaxamento.

 

Embora a maior parte dos participantes sejam mulheres, os homens da amostra relataram que já fizeram uso recreativo da cannabis. Neste caso, têm maiores chances de consumir além da prescrição médica e fazer o uso concomitante com outras substâncias, como anfetamina e cocaína. A evidência disso foi através de exames de urina, coletados pela pesquisa, em 5 pessoas. Entre os fatores associados ao transtorno do uso de cannabis estão: jovens, 30 indivíduos sem parceiro e com depressão como comorbidade. A maior prevalência dos pacientes, usavam a CM para o controle da dor neuropática, prescrita por médicos que possuem autorização para prescrever narcóticos e possuem registro na Agência Federal de Ópio da Alemanha.

 

Portanto, se conclui que a terapêutica com o uso de cannabis deve ter um acompanhamento constante de um médico especialista em dor. O estudo apresenta algumas limitações: os participantes podem ter cessado o consumo de substâncias como anfetamina no dia da coleta para evitar a denúncia do consumo no exame, além de que a coleta não foi repetida. O assunto torna-se importante para a vigilância e controle da ingestão dessas substâncias. Por isso, é importante para evitar maiores problemas neurológicos e comportamentais ao consumo excessivo e sem supervisão em pacientes que necessitam do tratamento para o controle da dor.

 

Referência: Bialas P, Böttge-Wolpers C, Fitzcharles MA, Gottschling S, Konietzke D, Juckenhöfel S, Madlinger A, Welsch P, Häuser W. Cannabis use disorder in patients with chronic pain: overestimation and underestimation in a cross-sectional observational study in 3 German pain management centres. Pain. 2023 Jun 1;164(6):1303-1311. doi: 10.1097/j.pain.0000000000002817. Epub 2022 Nov 3. PMID: 36327134.

 

Alerta submetido em 07/07/2023 e aceito em 07/07/2023.