As influências nutricionais na epigenética
podem desempenhar um papel determinante no
aparecimento e progressão da dor
neuropática. O zinco é um micronutriente
essencial para a homeostasia do sistema
nervoso, memória e processos de
aprendizagem, e outros processos como a dor
e também como mediador da plasticidade
sináptica.
O trabalho de Lima e colaboradores investiga
os efeitos do desequilíbrio da homeostase do
zinco sobre o desenvolvimento da dor. O
desequilíbrio da homeostase do zinco foi
induzido submetendo camundongos com 3
semanas de idade a diferentes dietas: Grupo
com restrição a Zinco, e dois grupo com
consumo de zinco 20 e 30mg/Kg,
respectivamente.
Uma vez por semana, durante 1 mês, a
alodinia mecânica foi medida usando o método
de Von Frey. Na 3º semana, foram realizados
ensaios plantares para alodinia a frio,
alodinia por calor, nocicepção induzida por
formalina e alodinia mecânica induzida por
carragenina. No final, amostras de plasma e
gânglio da raiz dorsal foram removidas para
quantificação de citocinas e análise de
Western blot.
Duas semanas após o início da intervenção na
dieta, alodinia mecânica foi detectada no
grupo Zn (-), sendo gradualmente aumentada
até a 3ª semana. O grupo Zn (-) também
apresentou alodinia ao frio e ao calor. A
sensibilidade nociceptiva é
significativamente aumentada quando
comparada ao grupo controle. No teste da
formalina foi detectada uma sensibilidade
aumentada no grupo Zn (-) na fase 1 (fase
neurogênica), no entanto, surpreendentemente
uma resposta reduzida na fase 2 (dor
inflamatória). A mesma redução de
hipersensibilidade foi observada após a
injeção intraplantar de carragenina.
Outro dado interessante mostra que o TNF
plasmático foi reduzido no grupo Zn (-). A
análise da expressão de ATF-3 e GFAP no DRG
mostraram um aumento no ATF-3 e redução da
expressão de GFAP, corroborando a hipótese
de ativação neuronal aumentada, mas redução
da ativação imune. Também, DRG SOD-1, um
marcador de estresse oxidativo, a expressão
foi aumentada em animais submetidos à dieta
de Zn (-).
O estudo conclui que a dieta com restrição
de zinco altera a sensibilidade basal à dor
em camundongos. A redução do consumo de
Zinco parece interferir nos circuitos de
dor, reduzindo a dor inflamatória, porém
aumentando a dor nociceptiva.
Consequentemente, o desequilíbrio de zinco
poderia ser um fator predisponente para o
desenvolvimento da dor nocepitiva.
Referência: Lima CKF, Silva RV, Silva VDCS,
Oliveira JT, Lima LMTR, Miranda ALP. Zinc
deficient diet increases nociceptive pain;
however, it reduces inflammatory pain. 50th
Brazilian Congress of Pharmacology and
Experimental Therapeutics, Brazil, Ribeirão
Preto, 25 a 28 de setembro de 2018.
Alerta submetido em 04/12/2018 e aceito em
04/12/2018.